A música popular é uma rica fonte para entendermos a cultura popular e desvendarmos alguns fatos poucos esclarecidos.
A seca é um fenômeno natural, caracterizado pelo atraso ou distribuição irregular das chuvas ao longo do ano, prejudicando o desenvolvimento agrícola. O fenômeno não é uma exclusividade do Brasil. Locais como Ásia, América do Norte e a África são atingidos pela seca.
O problema também não é novo. No Brasil, há registros do fenômeno desde 1559. Mas foi só a partir do século XVIII que ela começou a preocupar as autoridades. Em 1887, a seca matou 500 mil pessoas e fez Dom Pedro II enviar especialistas para combater o problema. Eles chegaram à conclusão de que os açudes salvariam a região da falta d’água.
Os cientistas informam que, no Nordeste, o fenômeno aparece com intervalos próximos a dez anos, podendo se prolongar por períodos de três, quatro e, excepcionalmente, até cinco anos. Mas, então, por que o sertanejo sofre tanto todos os anos?
O problema é que as secas acabaram por promover o surgimento de um fenômeno político denominado indústria da seca.
Os proprietários de grandes porções de terra, os latifundiários nordestinos, aproveitam-se do fato de ter aliados políticos que podem interferir na distribuição de recursos em âmbito federal, estadual e municipal para se beneficiarem. Assim, aproveitam-se da localização de suas terras para obter investimentos e créditos bancários, canalizando esses recursos, geralmente, para setores não-agrícolas. E também se beneficiam da divulgação dramática das secas para não pagarem as dívidas contraídas. Os recursos deveriam ser investidos para a criação de açudes em áreas que atendam à grande parte da população mais pobre, que poderia plantar e criar seus animais, com a certeza de ter água disponível durante todo o ano.
Os pequenos agricultores também precisam de créditos agrícolas e investimentos governamentais para aumentar a sua produção e poder vender suas mercadorias. Sem esse componente econômico, eles acabam por “tirar leite de pedra”, com sua permanência no sertão. Ou migram para áreas mais produtivas, como o litoral nordestino.
Atualmente, o projeto de Transposição do Rio São Francisco visa a retirada de parte da água do rio São Francisco e sua recolocação em outros rios, para que não sequem durante os períodos de estiagem. O problema é que as discussões sobre o projeto de transposição são acaloradas. Existe um questionamento nacional sobre a sua viabilidade, uma vez que a obra não é barata. Mas, o governo federal informa que é mais barato investir no projeto que atender, emergencialmente, as populações do semi-árido, toda vez que a seca chega.
Os Estados beneficiados seriam Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará e por isso a ideia é defendida pelos políticos destes Estados. A ideia de transposição, porém, enfrenta, há décadas, a oposição cerrada dos políticos de Minas Gerais e da Bahia, Estados por onde passa o Velho Chico. De uma década para cá, as ONGs e os ambientalistas também entraram na batalha com o argumento de que o São Francisco é um rio doente – e se a obra for feita, corre o risco de secar.
Fonte: https://www.apoioescolar24horas.com.br