“SUAS HISTÓRIAS E SUAS TRADIÇÕES”.
A feira da ponte é um costume tão antigo que não sabemos precisar exatamente o dia, o mês e o ano do seu início. Segundo alguns historiadores, a feira da ponte começou a sua trajetória quando o povoado de São Miguel passou a condição de vila. Fato que aconteceu no dia 10 de julho de 1832.
O rio São Miguel era a única “rota”, para a escoação e importação das mercadorias comercializadas ou produzidas no município, principalmente o açúcar dos engenhos.
Na quarta-feira da semana santa, como é de costume para os católicos consumir peixes e frutos do mar, o rio enchia-se de embarcações de vários tamanhos que traziam também frutas, verduras vindas de Campo Alegre, Boca da Mata, Jequiá da Praia, Roteiro e Barra de São Miguel. Todos estes distritos abasteciam a população miguelense, conforme rezava a tradição.
A feira naquele dia, deixava de ser realizada no local de costume, no centro da cidade para acontecer às margens do rio São Miguel. A feira da ponte começava em cima da antiga ponte de madeira até a mediação da rua da Praia (Praça do Cais). Foi daí que surgiu o nome de “Feira da Ponte”.
Quando o dia começava a amanhecer, o rio se transformava em um grande e belo espetáculo, as embarcações vinham em filas, da primeira ouvia-se forte e longo som de um búzio, anunciando a chegada.
Desde os primeiros raios do sol, até a luz da lua (geralmente cheia) e dos candeeiros a cidade se transforma em festa, que ia até a madrugada de quinta-feira.
Naquele tempo, os miguelenses, mesmo morando em outras cidades, nunca deixaram de vir a feira, uns chegavam a pé, outros de cavalos, charretes e até mesmo de carros de bois, as ruas enchiam-se de paus de arara, marionete, os “carros motorizados” dos senhores de engenhos, que vinham de toda as regiões circunvizinhos, Maceió, Pilar, Boca da Mata, Campo Alegre, Anadia, Marechal Deodoro, das vilas e lugarejos, todos vinham à feira.
Na feira encontrava-se de tudo da arte popular a bugiganga, mais a maior atração eram os rústicos utensílios domésticos feitos de barros, panelas de todos os tipos e tamanhos, as panelas de miniaturas destacavam-se entre as demais, pois eram o foco das criançadas, principalmente as meninas que compravam para brincar de cozinhado. Já os meninos brincavam de cavalinhos ou de bois de barro.
Todas as moças preparavam um vestido novo de algodão para ir à feira, os rapazes também caprichavam no visual, na perspectiva de encontrar uma namorada.
As casas dos miguelenses ficavam lotadas de parentes e convidados, com as mesas fartas de todas as iguarias imagináveis.
Encontrava-se na feira, barracas de roupas, calçados, perfumes, rapaduras, bolos, bebidas, comidas típicas, jogos de azar, bingos, panelas de alumínios, bugigangas e as tradicionais ciganas.
A população ouvia de longe os barulhos dos vendedores, dos violeiros, dos trios de forró, dos cantadores de coco, dos poetas de cordéis, dos repentistas e dos folguedos populares.
Apesar de boa parte da população miguelense não concordar com a mudança do local, mas hoje, a praça de Multieventos é o local ideal para acomodação da feira da ponte, por ser muito ampla e bem localizada e por estar situado às margens do rio São Miguel, preservando assim, a sua história e a sua tradição.
O mais importante é que a feira faz parte do calendário festivo da cidade e é “Patrimônio Imaterial Histórico e Cultural do Município”.
FEIRA DA PONTE
Que bonito é a feira da ponte
Vem gente de todo lugar
Onde de tudo se encontra
Para vender e para comprar.
Tem roupas, calçados e panelas,
Frutas, mariscos e verduras,
Cereais, alumínios e violas
Bolos, bolachas e rapaduras.
Pregos, porcas e parafuso,
Selas, arreios e bugigangas;
Quentinhas, picolés e sucos;
Cervejas, carne seca e ciganas.
Tudo dela é divertido,
Os folguedos e as cantorias
Sua história e a sua gente
Que tem o dom da poesia.
Na quinta-feira, a feira se acaba
Todos na maior animação
E os feirantes vão embora
Com São Miguel no coração.
* Texto Escrito Por Ernande bezerra de moura.
Fonte de pesquisa: https://www.portalescritores.com.br