
Em Quebrangulo, terra marcada por conflitos, na época da escravidão os senhores assediavam suas escravas, que eram escolhidas nas noites de festas enquanto dançavam ao som de tambores. Quando os homens negros começaram a se vestir com roupas de mulheres para confundir seus senhores, nasceu a Nêga da Costa.
Nega da Costa é uma dança-cortejo , sem enredo ou drama composta por homens vestidos como baianas que tocam bombo, caixa, ganzás e reco-reco e dançam. As músicas, geralmente são formadas por interessantes quadrinhas e cantadas repetidas vezes por todo o grupo. Pai Velho, Mãe Velha, o Dirigente e as Baianas ou Negras são personagens deste folguedo. Em Quebrangulo, o grupo Nega da Costa tem origem por volta do ano de 1910, fundado pelo mestre Basílio, descendente de escravos e é o único grupo reminiscente deste folguedo.
“Com rumores de que as negras eram escolhidas por seus senhores durante as festividades, homens começaram a se vestir com roupas de mulheres para então confundirem seus senhores. Sabendo disso os senhores passaram a não mais se aproximar das negras, visto que podiam se confundir, caindo assim numa cilada. O folguedo, hoje com 103 anos de existência, nunca se viu algo que realmente traduzisse com irreverência, a cultura da afro-descendência do povo brasileiro”.
Quebrangulo: Fundação: 16 de março de 1872 / Localização: Agreste alagoano, a 115 km de Maceió / 11.480 habitantes / 319,829 km². O local onde se levantou a povoação que deu origem ao município de Quebrangulo era inicialmente habitado pelos índios Chucurus, que formaram aldeias nas proximidade da serra da Palmeira dos Índios, onde já estavam estabelecidos os Cariris, emigrados de Pernambuco, em consequência da seca que assolou os sertões no ano de 1740. Outra história conta que ali se formou um quilombo de escravos que conseguiram fugir. Eles viviam de nozes de palmeira e principalmente da caça de caititus, que em manadas, pastavam no local onde hoje é a cidade.
Origem do nome: O chefe do quilombo que originou a cidade era uma excelente caçador, conhecido como “Quebrangulo”, que na gíria dos escravos significa “matador de porcos”.
Economia: Quebrangulo situa-se na “zona da pecuária” com grande criação de gado, vendido para a capital e estados vizinhos. Já foi grande produtor de algodão, café, mandioca, banana, feijão e milho, que são vendidos geralmente na sede municipal, em regiões vizinhos e em Maceió.
Veneza Alagoana: O município é entrecortado por pontes sobre os rios Paraíba do Meio e o Quebrangulinho, o que gera um aspecto agradável – com as várias pontes que cortam o centro da cidade, ganhou o apelido de “Veneza Alagoana”. Apesar de a cidade não ter sido planejada, suas ruas são quase retilíneas e simétricas; aparentando ter sido edificada obedecendo a uma certa ordem estética.
Por Joelson de Oliveira, pesquisador, cineasta e fotógrafo
Fonte: www.revelandoosbrasis.com.br