A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial ocorreu após navios mercantes brasileiros terem sido afundados por submarinos alemães em 1942.
A Segunda Guerra Mundial foi o maior conflito da história da humanidade e contou com a participação brasileira a partir de 1944, com o envio de aproximadamente 25 mil soldados, que lutaram no fronte de batalha do norte da Itália. A atuação do Brasil na Segunda Guerra também contribuiu para antecipar o fim da ditadura de Getúlio Vargas.
Relações diplomáticas brasileiras
Durante o período pré-guerra, isto é, na década de 1930, a política externa do Brasil foi a de procurar garantir os melhores benefícios possíveis com as duas potências econômicas daquele momento: Estados Unidos e Alemanha. Assim, nessa época, o Brasil realizou uma série de acordos econômicos com essas duas nações.
Os Estados Unidos haviam aumentado a sua influência sobre a economia internacional a partir da recuperação gradual da sua economia, e a Alemanha, desde a ascensão dos nazistas ao poder, havia iniciado uma política para aumentar a sua influência, tanto ideológica quanto econômica, na América Latina.
As ações de aproximação realizadas pela Alemanha deram certo efeito em sua relação com o Brasil, pois, claramente, existia uma ala do exército brasileiro simpatizante da causa nazista e, além disso, uma série de acordos econômicos foi realizada entre os dois países. Em virtude disso, conforme afirma o historiador Boris Fausto, a Alemanha transformou-se no maior comprador do algodão brasileiro e no segundo maior comprador do café produzido aqui1.
Os acordos com a Alemanha renderam também o fornecimento de armamentos para o exército brasileiro. No entanto, apesar da parceria, Getúlio Vargas mostrou-se inclinado a voltar-se para os Estados Unidos, em detrimento da Alemanha. Isso ficou evidenciado quando ele passou a perseguir os representantes do fascismo no Brasil, conhecidos como integralistas.
O início da Segunda Guerra Mundial foi essencial para a definição da política econômica externa do Brasil, pois o bloqueio marítimo imposto pelos britânicos impossibilitou os alemães de manterem relações comerciais com o Brasil, e isso fortaleceu a posição dos Estados Unidos aqui, uma vez que novas possibilidades comerciais surgiam com esse cenário.
Os Estados Unidos observavam o aumento da influência alemã no Brasil com cautela e, de maneira tímida, tomaram medidas que visavam aumentar a presença da cultura e economia americana no Brasil e na América Latina. Essa política de aproximação dos Estados Unidos com a América Latina ficou conhecida como política da boa vizinhança.
Economicamente, os Estados Unidos negociaram uma série de acordos econômicos para garantir o apoio do Brasil. Esse conjunto de acordos garantiu a cessão de borracha para os Estados Unidos e a permissão para o uso de bases militares no Nordeste brasileiro. Em troca, os norte-americanos aceitaram financiar a construção de uma siderúrgica em Volta Redonda e fornecer equipamento militar ao Brasil.
No campo cultural, a política americana aconteceu de maneira bastante intensa, com o presidente Franklin Delano Roosevelt nomeando Nelson Rockefeller para comandar ações que aumentassem a influência cultural dos Estados Unidos na América Latina e, em especial, no Brasil. A equipe de Rockefeller, junto com Walt Disney, foi responsável, por exemplo, pela criação de Zé Carioca, personagem brasileiro da Disney.
Com o crescimento dessa influência cultural e com os acordos econômicos consolidados, a entrada dos Estados Unidos na guerra foi essencial para que o Brasil tomasse uma postura diplomática contra o Eixo (formado por Alemanha, Itália e Japão). Assim, em janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Eixo.
Brasil vai à guerra
A reação alemã com o rompimento de relações diplomáticas realizado por Getúlio Vargas ocorreu em agosto de 1942, quando submarinos alemães torpedearam e afundaram cinco navios mercantes brasileiros. Os ataques indignaram a opinião pública, e Getúlio Vargas declarou guerra à Alemanha naquele mesmo mês.
A declaração de guerra contra o Eixo fez com que o Brasil mobilizasse soldados para que fossem enviados ao fronte de batalha. Em novembro de 1943, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), e soldados de diferentes partes do país foram convocados para formar um corpo de aproximadamente 25 mil militares, comandados pelo general Mascarenhas de Morais. Esses soldados ficaram conhecidos pelo nome de “pracinhas”.
O envio de soldados brasileiros não foi uma imposição dos Estados Unidos, mas surgiu de uma demanda interna do próprio governo brasileiro. Apesar disso, a participação do Brasil na guerra encontrou a oposição dos Aliados, que temiam a pouca preparação dos soldados brasileiros. Os pracinhas foram integrados com o 5º exército americano e atuou nos combates no norte da Itália.
A princípio, o exército brasileiro mostrou-se mal preparado e equipado para a guerra, e isso ficou evidenciado em um primeiro combate, no qual, de acordo com o historiador Thomas E. Skidmore, os brasileiros sofreram pesadas baixas contra os alemães e foram obrigados a recuar2. É importante lembrar que, além da pouca preparação dos pracinhas, os soldados alemães estavam em posições de defesa muito boas e equipados de metralhadoras potentes.
Após ser reequipado e passar por novo treinamento com os soldados americanos, o exército brasileiro foi lançado novamente à batalha e teve participação na Batalha de Monte Castello, cuja conquista foi realizada em fevereiro de 1945. Outras participações do Brasil na guerra ocorreram em Castelnuovo, Montese, Fornovo di Taro etc.
Ao final da guerra, a atuação brasileira havia resultado em 454 soldados brasileiros mortos em combate. Com a ocupação Aliada em determinadas partes da Europa, o exército brasileiro recebeu o convite para auxiliar na ocupação da Áustria, porém o comando militar do Brasil rejeitou o convite, segundo o historiador americano Frank McCann3.
Por Daniel Neves – Graduado em História
Referências
1FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 324. 2SKIDMORE, Thomas E. Uma História do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, p. 173. 3 “EUA queriam que Brasil participasse da ocupação”. Para acessar, clique aqui.
*Créditos da imagem: André Luiz Moreira / Shutterstock
Fonte: www.brasilescola.uol.com.br
Sobre o autor
Marcos Lima
Produz e divulga a sabedoria popular do povo alagoano e nordestino.