O Dia do Trabalhador e Trabalhadora Rural foi criado pelo Decreto de Lei n.º 4.338, de 1º de maio de 1964. A data foi escolhida em virtude da morte do deputado federal Fernando Ferrari (1921-1963) no dia 25 de maio de 1963. Ele foi um dos principais defensores dos direitos dos trabalhadores rurais, e sua morte acabou se tornando uma data especial para a luta dos profissionais da classe.
Também em homenagem ao deputado, em 1971 foi instituído o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural, nomeado como Lei Fernando Ferrari. Essa foi uma grande conquista para a categoria. O produtor rural ganhava algumas garantias, como assistência médica, aposentadoria por invalidez, pensão para a mulher, entre outros benefícios. Embora sejam direitos primários em comparação com os dias de hoje, na época, foi um grande avanço histórico.
A importância do produtor rural na economia brasileira
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada pelo Sebrae, existem no Brasil mais de 4 milhões de trabalhadores rurais. Isso significa que esses produtores representam cerca de 15% do total de empreendedores do país, que é de 27,31 milhões.
Analisando a série histórica desde 2016, houve uma redução de 800 mil trabalhadores no setor. Isso não significa nem de longe que o agronegócio desacelerou. Na verdade, esse é um movimento social que ocorre há anos conhecido como êxodo rural, de trabalhadores que buscam melhores condições de vida nas grandes cidades. Por outro lado, o campo se modernizou por meio da mecanização, que tornou as operações mais ágeis e eficientes.
No entanto, essa ênfase que se dá ao trabalho urbano muitas vezes ofusca o valor dos produtores rurais no país. É sempre importante relembrar que são essas pessoas que alimentam o Brasil e, em sua maioria, são operações baseadas na agricultura familiar.
Segundo dados do último Censo Agropecuário divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a agricultura familiar no Brasil já é a 8ª maior produtora de alimentos do mundo. Em 90% das cidades com população de até 20 mil habitantes, ela representa a base da economia local. Além disso, é digno notar que 40% da população trabalhadora no país trabalha no setor agrícola.
Sem dúvida, o agronegócio é o protagonista no desempenho econômico do país. Em 2017, por exemplo, o Brasil atingiu uma safra recorde de 237,7 milhões de toneladas, impulsionando o PIB nacional.
Dessa forma, junto com a pecuária, o setor estimula a economia de modo muito positivo, levando o Brasil à liderança em diversas atividades, como produção de café, suco de laranja, etanol de cana-de-açúcar e açúcar. O país também fica no topo do ranking dos exportadores de carne bovina, frango, milho e soja.
Por isso, podemos dizer que o Brasil é um país essencialmente agro, pois a agricultura é uma das bases da nossa economia. Esse protagonismo, porém, não imuniza o setor de grandes desafios que ainda precisam ser vencidos.
Os principais obstáculos para a classe rural
Ainda existem muitos obstáculos que o agronegócio brasileiro precisa superar para avançar de forma sustentável. Entre os principais, podemos destacar:
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déficit hídrico: segundo a ONU, a agricultura é responsável por 70% do consumo da água no planeta. É de fato um recurso indispensável na produção. No entanto, crises hídricas têm comprometido a safra em diversas regiões, levando pesquisadores, o governo e produtores a buscar soluções para prevenir esse estresse hídrico;
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escassez de mão de obra qualificada: a busca por melhores condições na zona rural provocou um esvaziamento do campo. Ao mesmo tempo, os meios de produção se modernizaram. O desafio é tornar o trabalho rural interessante e atrativo para os jovens e prover a capacitação necessária para que possam operar essas novas tecnologias;
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mudanças climáticas: a instabilidade do clima dificulta o planejamento da lavoura. Por isso, mais do que nunca, é necessário que o produtor saiba utilizar ferramentas para prever eventos climáticos e reduzir as perdas;
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desperdício de alimentos: segundo a FAO, 30% de todo alimento produzido vai parar no lixo todos os anos. Por isso, é fundamental aprimorar a cadeia produtiva, desde a produção até o transporte e a comercialização dos produtos;
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segurança alimentar: defensivos agrícolas são indispensáveis na lavoura, mas é necessário adotar tecnologias que reduzam os riscos de deriva e dosem de forma mais exata a quantidade de produtos aplicados para evitar contaminações;
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aspectos sociais do trabalhador: é preciso enxergar o campo de forma mais humanizada. O agronegócio não é feito somente de máquinas, mas também de pessoas. Por isso, o desafio é elevar as condições de trabalho e a qualidade de vida da população rural.