Jota do Pife, homem de fé e de música

Mestre José Félix dos Santos, conhecido como Jota do Pife, toca ao mesmo tempo pífano, prato, tarol, bumbo e surdo

Jota do Pife, ícone da cultura popular

A vida é marcada por coincidências. Aos 7 anos, o cearense José Felix dos Santos ouviu uma banda de pífano. No comando dos instrumentos, um outro José Felix. “Era meu xará. Estava passando pela fazenda onde morávamos e eu me encantei. Pedi a meu pai: O senhor podia fazer um ‘pifinho’ pra mim?”, lembra. O menino foi atendido e logo estava afiado na flauta de taboca. “Com dez dias, eu já estava tocando Vitalina, uma música bem conhecida na época”, diz.

De Vitalina para cá, já se passaram 64 anos. “Esse é meu único vício. Eu não bebo, não fumo. Mas não sei ficar sem tocar. Mesmo quando estou sozinho, pego meu pife e faço um sonzinho”, conta José Felix, mais conhecido como Jota do Pife.

O mestre Jota do Pife chegou a Alagoas ainda com 15 anos. “Meus avós, meu pai e minha mãe nasceram aqui, em Murici. Por isso, todos os meus documentos têm como se eu fosse alagoano. Esse é o meu lugar”, explica.

Hoje, com 71 anos, o homem ainda mantém os pulmões firmes. Emenda uma canção na outra. Para a surpresa dos ouvintes, conduz a banda e não se trata de outros músicos. É José Felix mesmo que toca o prato, o tarol, o bumbo e o surdo. Como ele consegue? Por meio de uma engenhoca, criada pelo artista há 30 anos. Todos os instrumentos estão unidos por uma caixa. O som é orquestrado pela batida do pé. Nas mãos, apenas o pífano.

Entre as músicas mais queridas estão as romarias. Mestre Jota é pifeiro de muita fé. Em casa, uma parede inteira dedicada aos santos. Todos os anos, ele vai pelo menos uma vez a Juazeiro do Norte(CE). “Essa minha banda é leve. Faço questão de levar comigo e tocar entre as orações”, diz.

No celular de José Felix, uma infinidade de fotos de santos e familiares. “Eu guardo tudo que é bom nesse meu telefone. Quando rezo, peço a Deus por todos que eu gosto. Eu gosto de todo mundo e todo mundo gosta de mim”, ensina.

Prova desse querer bem é a infinidade de afilhados. Na rua onde mora, são seis crianças. “Eles estão sempre por aqui. Gosto de ter a casa cheia, de animação”, brinca. Quem também aprova o movimento é a esposa dele, Maria José da Conceição. Estão casados há 49 anos.

“Tivemos 16 filhos: oito homens e oito mulheres. Deus levou metade: quatro homens e quatro mulheres. Eu ficava triste porque não é brincadeira você perder uma criança de 4 anos, já crescidinha. Dos que ficaram, eu só tenho alegria”, conta. Na família, são 22 netos. O primeiro bisneto está a caminho.

“No dia 13 de junho, vão estar todos comigo. Junto meu povo aqui em casa e a banda se anima. No final da novena para Santo Antônio, a gente

Por Telma Elita

Fonte: Asfopal – Associação dos Folguedos Populares de Alagoas

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