Entrevistei as maiores autoridades do mundo, em psicologia feminina, e obtive o seguinte resultado:
Sócrates, o filósofo grego, disse-me: “No dia em que eu me julguei igual aos deuses, Xantipa, minha mulher, jogou sobre minha cabeça um vaso de imundices”. Que desperdício !
Ao interrogar Demócrito, por que havia ele casado com uma mulher pequena, feia e sem expressão, respondeu-me: “Dos males o menor”. Na dúvida, em favor do réu.
Voltando-me para o velho Aristóteles, ouvi este desabafo: “A mulher mais perfeita não passa de um homem imperfeito”. Que crueldade !
Disse-me Pitágoras, que “que casara sua filha com o seu maior inimigo, porque este seria o maior mal que lhe poderia causar”. Que homem vingativo !
Erasmo, até que não foi contundente, não sei se por conveniência ou por covardia, disse apenas que “a mulher é um animal que nunca teve juízo”.
Ao que Schopenhauer completou: “Mulher, animal de cabelos compridos e idéias curtas”. Ah! Não, assim também é demais!
Alexandre Dumas, precavido que só ele, chamou-me atenção: “Cautela com as mulheres até os quarenta anos ! Foge delas depois dos quarenta”. Excelente advertência!
Fontenele, que foi enganado, (quem sabe) por uma doidivana qualquer, admoesta seus amigos, asseverando: “ A mulher é o paraíso dos olhos, o purgatório do bolso e o inferno da alma”.
Bion, coitado, naturalmente doente do corpo e da alma, ou também vítima de traição, simplesmente enfatiza: “Se são feias, fazem mal ao coração, se são bonitas, fazem mal à cabeça”.
Júlio Dantas foi bastante comedido e sucinto:”A mulher é sempre uma interrogação”.
São João Crisóstomo, abertamente indaga:”Senhor, Senhor, para que criaste a mulher, se ela é o maior mal para o homem?”. (Que é isso, São João? Deus é sábio! Deus sabe o que faz!)
Platão, por seu turno, usando a arma do escarninho, assim se expressou: “Não sei se devo incluir as mulheres entre os animais racionais, se entre os irracionais”. (Que ira é essa, Platão?)
Naturalmente revoltado com o belo sexo, São Bruno taxativamente disse: “Nascer de uma e escapar de todas”.
Lamento, com tristeza, ouvir da boca do genial Vitor Hugo, esta assertiva: “Se a mulher odeia a serpente, é, sem dúvida, por rivalidade de seu oficio”. Supinamente arrependido, é o que se depreende, o autor de “Os Miseráveis” escreveu “O Homem e a Mulher”, um dos textos literários mais expressivos da Literatura Universal.
Ei-lo: “A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono; para a mulher fez um altar.
O trono exalta e o altar santifica
O homem é o cérebro; a mulher, o coração. O cérebro produz a luz; o coração produz amor. A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é o gênio; a mulher é o anjo. O gênio é imensurável; o anjo é indefinível.
A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher é a virtude extrema; a glória promove a grandeza e a virtude, a divindade.
O homem é forte pela razão; a mulher, invencível pelas lágrimas.
A razão convence e as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher de todos os martírios.
O heroísmo enobrece e o martírio purifica.
O homem é o código; a mulher o evangelho. O código corrige, o evangelho aprefeçoa.
O homem é o templo; a mulher o sacrário. Ante o templo nos descobrimos, ante o sacrário nos ajoelhamos.
O homem é o oceano, a mulher é o lago. O oceano tem a pérola que adorna, o lago a poesia que deslumbra.
O homem tem uma fanal: a consciência; a mulher uma estrela: a esperança. O fanal guia, a esperança salva.
O homem pensa e a mulher sonha. Pensar é ter uma larva no cérebro; sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é uma águia que voa; a mulher, um rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço e cantar é conquistar a alma.
Enfim, o homem está colado onde termina a terra; a mulher, onde começa o céu”.
Eu, particularmente, afirmo com todas as veras d`alma: excetuando as megeras, as perfídias e as prevaricadoras, para mim, a mulher é um ser que merece todo respeito. Toda atenção ! Se boa esposa, “é um pedaço do céu aqui na terra”. Quando mãe, segundo o poeta, “é sublime como é o Deus”.
Contudo, não esqueçamos de que “…o homem na foi tirado da mulher, mas a mulher do homem”.(1Cor 11 – 18).
Fonte: Extraido do livro do poeta juazeirense, Raimundo de Araújo “Fragmentos do Passado”. Gráfica e Editora Royal Ltda,
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