Antônio Conselheiro

Imagem Antônio Conselheiro retratada em caricatura. (Foto: Wikipédia)

Antônio Conselheiro, registrado oficialmente como Antônio Vicente Mendes Maciel foi um peregrino, considerado um líder religioso e rebelde contra o sistema político atuante no período.

Uma personalidade agradável e simpática, passou a ser percebido como um “ser abençoado” ao exercer liderança política no Arraial de Canudos, uma comunidade localizada no sertão baiano, que passou a atrair a atenção de milhares de sertanejos, escravos, índios, dentre outros grupos vulneráveis.

A região foi totalmente destruída em uma atuação do exército brasileiro durante a famosa Guerra de Canudos, em meados de 1896.

Nessa fase, houve um massacre contra todos aqueles que apoiaram as ideias de Antônio Conselheiro.

Com o intuito de justificar a chacina, a imprensa dos primeiros anos da República retratou o líder de Canudos como sendo um doente mental portador de graves problemas psiquiátricos.

Posteriormente reconhecido pela capacidade de liderança e luta pelos direitos dos sertanejos, Antônio Conselheiro foi incluso, no dia 14 de maio de 2019, no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”, de acordo com a Lei a Lei 13.829/19.

Biografia de Antônio Conselheiro

Nascido no dia 13 de março de 1830 na cidade interiorana de Quixeramobim, povoado do Sertão, província do Ceará, Antônio Vicente Mendes Maciel era induzido por seus pais desde a infância a seguir a vida sacerdotal.

Para os pais de Antônio Conselheiro o clero era uma das poucas maneiras que os pobres tinham de uma melhoria de vida, social e economicamente.

Com a morte da sua mãe, no ano de 1834, deixando Antônio aos 6 anos de idade, seu pai casa-se novamente e há relatos de que a sua madrasta o espancava constantemente.

Ao completar 25 anos, morre o pai de Antônio Conselheiro e ele é obrigado a abandonar os estudos para assumir os negócios antes administrados pelo pai.

Sem vocação para o comércio, o futuro líder religioso foi processado pelo não cumprimento das dívidas adquiridas durante a gestão do estabelecimento.

Poucos anos depois, em 1857, Antônio casa com a filha do seu tio, a jovem Laurentina de Lima e no ano posterior os dois mudam para a cidade de Sobral. Lá ele passa a lecionar para os filhos de fazendeiros e empresários, assumindo também a função de advogado prático, em troca de pequenas remunerações, com a finalidade de garantir o sustento da família.

Nessa fase, insatisfeito com a situação financeira, muda de residência constantemente em busca de melhores condições para praticar a sua atividade profissional.

Primeiramente vai para a cidade de  para Campo Grande, atual Guaraciaba do Norte, depois migra para Santa Quitéria e, por fim, chega à cidade de Ipu, um pequeno vilarejo localizado na divisa entre as comunidades  pecuaristas no sertão e a Serra da Ibiapaba.

Em um certo dia, Antônio Conselheiro encontra sua esposa em traição com um sargento e muda para a região de sertão do Cariri. Humilhado e frustrado com a situação, ele inicia uma vida de peregrinação pelos sertões da região Nordeste.

Início das peregrinações

Após uma longa jornada pelas cidades dos sertões nordestinos, Antônio Conselheiro já conhecido como peregrino e “homem santo” é preso no ano de 1876 acusado de ter assassinado a mãe e a esposa.

Depois de um período de apurações, não há indícios do crime e os investigadores constatam que a sua mãe havia falecido quando Antônio tinha apenas seis anos de idade. Concedida a liberdade, ele retorna à Bahia.

Um pouco antes, no estado de Sergipe, em 1874, o jornal “O Rabudo” faz o primeiro relato público sobre Antônio Maciel como penitente conhecido nos sertões:

Há seis meses que por todo o centro desta Província e da Província da Bahia, chegado do Ceará, infesta um aventureiro santarrão que se apelida por Antônio Conselheiro. O que, a vista dos aparentes e mentirosos milagres que dizem ter ele feito, tem dado lugar a que o povo o trate por S. Antônio dos Mares.

Esse misterioso personagem, trajando uma enorme camisa azul que lhe serve de hábito a forma de sacerdote, pessimamente suja, cabelos muito espessos e sebosos entre os quais se vê claramente uma espantosa multidão de bichos (piolhos). Distingue-se pelo ar misterioso, olhos baços, tez desbotada e de pés nus; o que tudo concorre para o tornar a figura mais degradante do mundo.

Relato do jornal O Rabudo, em 1874

No ano de 1877, o nordeste brasileiro passa por um período de seca, uma das mais devastadoras da história da região. Nesse período, uma infinidade de pessoas em situação de miséria social andam pelas estradas sertanejas em busca de socorro governamental ou a esperança de ajuda divina.

Grupos armados são conduzidos a estradas para fazer “justiça com as próprias mãos” em prol dos necessitados. Os bandos liderados por Antônio Conselheiro invadiam e roubavam fazendas e pequenas comunidades.

Em virtude da sua facilidade de liderança e as atuações pela justiça social. Antônio passa ser chamado de “Bom Jesus” pela comunidade.

O fanatismo por Conselheiro aumentou ainda mais quando, no de 1888, com a abolição da escravatura no Brasil, muitos ex-escravos passaram também a segui-lo. Ele era considerado um justiceiro em meio a tantos casos de injustiça, desigualdades sociais, escravidão e abandono da população.

Canudos

Passados anos após o começo de um período como andarilho, Antônio Conselheiro fica cansado da vida nômade e das perseguições por ser considerado um “fora da lei” e fixa residência às margens de rio em um povoado chamado Canudos.

Na localidade, renomeada de “Belo Monte” pelo líder espiritual, apesar da igual situação de seca, vivenciada por todos os sertanejos, a população tinha acesso ao trabalho e a realização de atividades agrícolas, diferente da exploração da mão de obra que acontecia em muitas fazendas tradicionais do Nordeste.

A localidade, a partir deste período, passou a atrair a atenção de milhares de agricultores, ex-escravos e pessoas, de modo geral, em busca de uma melhor forma de vida.

O trabalho em grupo gerou renda e uma situação mínima de subsistência, escasseando a fome da região.

Para esta comunidade, a religião era base para o alcance dos objetivos, com uma doutrina pautada nos ideais do catolicismo.

A imagem de Antônio Conselheiro retratada em caricatura. (Foto: Wikipédia)

Morte

No dia 22 de setembro de 1897 morre Antônio Conselheiro. As causas da morte são controversas, mas há relatos sobre ferimentos de uma granada ou uma suposta disenteria.

O cadáver dele é encontrado no dia seguinte e enterrado no Santuário de Canudos. A cabeça, porém, foi cortada e levada até a Faculdade de Medicina de Salvador para que seu cérebro fosse avaliado.

Entenda um pouco sobre a Guerra de Canudos

A conhecida Guerra de Canudos, revolução de Canudos ou, ainda, insurreição de Canudos, foi um movimento popular de cunho sócio religioso contra as atuações e inércia do governo brasileiro, que durou entre os anos de 1896 e 1897.

O conflito contra o exército brasileiro foi originado em virtude de um conjunto de fatores, dentre eles a grave crise econômica e social que assolava toda a população da época.

A revolta dos sertanejos ficou ainda mais intensa e violenta por causa da falta de intervenções estaduais, terras improdutivas e secas sazonais, todos esses fatores fizeram com que os habitantes fossem em busca de respostas imediatas.

Nesse contexto, Antônio conselheiro surge como um líder restaurador da esperança da população, além de ter sido um encorajador do povo contra as autoridades nacionais.

Fonte de pesquisa: www.guiaestudo.com.br/antonio-conselheiro/amp3

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