A princesa Isabel, nascida em 1846, era a herdeira do trono do Brasil e foi a responsável por ter assinado a Lei do Ventre Livre, em 1871, e a Lei Áurea, em 1888.
A princesa Isabel é uma das figuras da família real que mais geram debates, por conta das polêmicas que envolvem seu nome. Enxergada como a redentora por uns e criticada por outros, por não ter agido mais energicamente contra a escravidão no Brasil, a princesa Isabel foi a responsável por assinar as leis do Ventre Livre e Áurea, em 1871 e 1888, respectivamente.
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Infância e educação
A princesa Isabel nasceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de julho de 1846, e era filha de D. Pedro II com sua esposa chamada Teresa Cristina. O nome de nascença da princesa Isabel era Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon e ela era a segunda filha do imperador.
Mesmo sendo a segunda filha de D. Pedro II, a princesa Isabel acabou sendo nomeada herdeira presuntiva do Brasil. Isso aconteceu, porque os dois filhos homens do imperador, Afonso Pedro e Pedro Afonso, faleceram ainda na infância e isso forçou o imperador a nomeá-la herdeira do trono do Brasil. O título “herdeira presuntiva” era dado no caso de não existir melhor opção de herdeiro para o trono.
Por ser filha do imperador e herdeira do trono a educação dedicada a princesa Isabel foi impecável e extremamente rígida. No início de sua adolescência, por exemplo, a princesa Isabel chegava a estudar 15 horas por dia e tinha aulas de conteúdos variados como física, geologia, filosofia, astronomia, botânica, piano etc. Em história, a princesa estudava a história de Portugal, Brasil, França, Inglaterra, além de estudar história romana, da América e da Igreja Católica.
A infância da princesa Isabel foi no Paço do São Cristóvão, palácio no qual, hoje, ficam os restos do Museu Nacional, que foi atingido por um incêndio em 2018. A infância da princesa Isabel foi marcada pelo isolamento, sem muitos aparecimentos em públicos e sem frequentar os locais mais visitados pela aristocracia e da corte.
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Casamento
Com 14 anos de idade, a princesa fez o juramento à Constituição e declarou-se publicamente como católica. Com essa idade, o imperador iniciou buscas para encontrar um marido para se casar com a princesa. Quando completou 18 anos, a princesa Isabel casou-se com Luís Filipe Maria Fernando Gastão, o Conde d’Eu.
Casamentos arranjados era uma prática comum no século XIX, principalmente entre as famílias reais, mas os historiadores relatam que registros feitos pela princesa demonstram que ela estava de fato apaixonada pelo Conde d’Eu quando se casaram e que o sentimento permaneceu ao longo de sua vida.O casamento da princesa com o Conde resultou em quatro filhos chamados Luísa Vitória, Pedro, Luís e Antônio.
O Conde d’Eu não era muito bem visto na corte brasileira, primeiramente pelo fato de ser francês, além de, conforme outros relatos, ser acusado de ser uma pessoa grosseira, pela dificuldade de falar português e pela sua surdez.
Apesar disso, o Conde d’Eu acabou sendo enviado para a Guerra do Paraguai por ordens do imperador. O Conde foi enviado para substituir Duque de Caxias no comando das tropas e acabou sendo fundamental, já que encontrou e matou Solano López, ditador do Paraguai. O Conde também acabou alforriando todos os escravos no Paraguai, em 1870.
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Política
Como mencionado, a princesa Isabel era a herdeira do trono do Brasil e, por isso, recebeu uma ótima educação. Mas, mesmo assim, a princesa nunca teve muito interesse pela política brasileira. Tornou-se senadora aos 25 anos de idade por ser a filha mais velha do imperador, mas, ainda assim, preferia dedicar-se à vida doméstica e religiosa, como relata os historiadores.
Por ser a herdeira do trono, precisou assumir o comando do Brasil em algumas ocasiões por conta das viagens que o imperador fazia e que tornaram-se cada vez mais frequentes conforme ele envelhecia e sua saúde ficava mais frágil. A princesa Isabel tornou-se regente do Brasil em:
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Em 1871, quando foi a sua primeira regência e nela acabou homologando a aprovação da Lei do Ventre Livre.
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Em 1876 e 1877, quando foi a sua segunda regência e nela teve de lidar com um conflito que acontecia entre católicos e maçons.
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Em 1888, quando foi a sua terceira e última regência e nela assinou a Lei Áurea, confirmando a abolição da escravatura no Brasil.
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Papel na abolição
Esse é o ponto da vida da princesa Isabel que mais gera polêmica. Historicamente, a princesa Isabel foi tida como uma grande personalidade nacional por ser uma grande humanista que garantiu o fim do trabalho escravo no Brasil. Essa imagem vem sendo reanalisada pelos historiadores que estão colocando limites a essa impressão e reavaliando o real papel da princesa na abolição.
O primeiro ponto a ser mencionado é que a abolição do trabalho escravo não foi resultado da bondade da princesa, mas foi resultado da luta do movimento abolicionista, dos escravos e de uma parcela da sociedade brasileira durante a década de 1880. O mérito da princesa está no fato de ter assinado um documento que seu pai, provavelmente, nunca teria coragem de fazer, uma vez que manteve-se extremamente neutro nessa questão ao longo de sua vida.
A historiadora Mary del Priore, por exemplo, relata que ela abrigou escravos em sua residência uma única vez e que apresentou seu posicionamento acerca da questão apenas quando a abolição parecia ser inevitável. Mary del Priore ainda traz uma crítica de Rui Barbosa à princesa, falando que a mudança de postura dela e seu apoio à causa abolicionista não era generosidade, mas política|1|.
De toda forma, a princesa foi vista algumas vezes portando camélias – símbolo da causa abolicionista naquela década – e existem alguns escritos dela em que há o posicionamento dela pelo fim do trabalho escravo, além de ter tido um desentendimento sério com o Barão de Cotegipe, presidente do Conselho de Ministros do Brasil e um escravocrata ferrenho.
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Fuga do Brasil
A princesa Isabel foi obrigada a fugir do Brasil quando a família real foi expulsa do país, em consequência da Proclamação da República que aconteceu em 15 de novembro de 1889. Com a expulsão, a princesa Isabel partiu para a França, terra natal de seu marido. A Proclamação da República aconteceu por causa da perda de apoio que a monarquia brasileira sofreu, a partir da década de 1870.
No final da década de 1880, ainda havia o fato de que a princesa Isabel não era a figura mais popular nas elites que apoiavam a monarquia. Tudo isso, principalmente, por puro preconceito pelo fato de o herdeiro do trono ser uma mulher. Outra questão também envolvia o preconceito com o Conde d’Eu, pelo fato de ele ser estrangeiro.
A perda de popularidade da monarquia aconteceu, principalmente entre os militares, grupo que conspirou e organizou o golpe contra a monarquia, em 15 de novembro de 1889.
Morte da princesa Isabel
O falecimento da princesa Isabel aconteceu no dia 14 de novembro de 1921, quando ela tinha 75 anos de idade. Na ocasião do falecimento, a princesa ainda estava exilada na França e, portanto, nunca retornou ao Brasil depois de 1889. A expulsão da família real tinha sido revogada no ano de 1920 mas, por motivos de saúde, a princesa Isabel havia permanecido na França. Os restos do corpo da princesa Isabel estão enterrados em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Resumo
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Nasceu no Rio de Janeiro, em 1846, e viveu sua infância no Paço do São Cristóvão.
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A princesa estudou disciplinas como Física, Geologia, Filosofia, História, além de estudar desenho e piano.
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Foi nomeada “herdeira presuntiva” pelo fato de o primogênito do imperador ter falecido e não existir opção melhor que a princesa.
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Com 14 anos, realizou a declaração de juramento da Constituição e declarou-se publicamente católica.
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Com 18 anos, casou-se com o Conde d’Eu com que teve quatro filhos.
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Foi regente do Brasil em três ocasiões, sendo responsável por assinar a Lei do Ventre Livre e Lei Áurea.
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Com a proclamação da República, fugiu do Brasil e nunca mais retornou, falecendo no exílio em 1921.