O Toré é uma expressão espiritual-religiosa de grande importância no Nordeste indígena. Sim, quem pensa que não há indígenas no Nordeste, se engana. Segundo os dados do IBGE de 2010, no Nordeste, encontra-se a segunda maior população indígena no Brasil (27,8%). Embora, por muitas décadas, esses indígenas não se auto-denominavam indígenas, atualmente, vêm ocorrendo um processo de recuperação dessas identidades, que é fortalecido pelo ritual do Toré.
No Toré existem os Encantados, os Praiá, os pais do Praiá e os dançadores. Quem vai “levantar o Praiá”, deve fazer uma roupa e uma máscara de palha de ouricuri, que serve para encobrir a personalidade do dançador. Durante o ritual, que pode durar várias horas, esse dançador materializa os seres espirituais – ou Encantados.
Encontram-se torés em alguns estados dessa região como por exemplo, na Bahia, entre os Kiriri, Pataxó e Tumbalalá; em Alagoas, entre os Kariri-Xokó, Kalankó; e em Pernambuco, Ceará e Paraíba, entre os Pankararu e Xukuru. Para esses grupos, o Toré está relacionado ao desejo de retomar as tradições antigas para garantir a sua identidade indígena e demarcar os seus territórios
A maior parte dos grupos indígenas do Nordeste se concentra na bacia do rio São Francisco, junto a suas margens quanto dos seus afluentes, nos estados da Bahia e Pernambuco.
Depois da expulsão dos holandeses, na segunda metade do século XVII, deu-se início à conquista do interior do Nordeste e se instaurou a “Guerra dos Bárbaros”, uma série de ações armadas contra indígenas. No rio São Francisco se estabeleceram missões religiosas que proibiam os indígenas de falarem suas línguas.
Os povos indígenas que restaram foram estigmatizados e, por muito tempo, se esconderam sob a condição de ‘caboclo’ principalmente, no sertão de Pernambuco, lugares de refúgio como quilombolas mesclados a populações negras
Fonte: www.cantosdafloresta.com.br
Sobre o autor
Marcos Lima
Produz e divulga a sabedoria popular do povo alagoano e nordestino.