Autodidata, Mestre Bia fabrica instrumento musical com espécie de bambu.Músico ensina meninos a tocar forró e o ‘Esquenta Mulher’. Mestre na tradição popular em fabricar e tocar pífano, instrumento musical rústico que se assemelha a uma flauta transversal e bastante usado por grupos da cultura popular do Nordeste, José Galdino da Silva, o ‘Mestre Bia’, 84, natural de Viçosa, ainda mantém o ofício que aprendeu na juventude.
É neste caminhar de oito décadas ao som do pífano e outros instrumentos artesanais que Mestre Bia trabalha diariamente para perpetuar a tradição musical das bandas de pífano típicas do Nordeste brasileiro. Para isso, ele ensina crianças e adolescentes da cidade a tocar o instrumento artesanal feito de taboca, uma espécie de bambu, e os instrumentos rústicos que também fabrica para acompanhar o pífano.
Autodidata, Mestre Bia diz que aprendeu com o pai a confeccionar o pífano, assim como, outros instrumentos, a exemplo dos tambores rústicos, que acompanham com batidas da ‘Banda de Pífano Esquenta Mulher do Mestre Bia’. “Aprendi a fazer pífano vendo meu pai e outras pessoas fazendo. Cortando e furando a taboca para dar som. A tocar foi do mesmo jeito, vendo os outros tocarem. Lembro que pedi permissão aos músicos para eles me ensinarem, mas eles diziam ‘faça esforço da sua própria cabeça’ e assim fiz, para não incomodar ninguém”, conta.
Para fabricar o pífano, Mestre Bia retira a matéria-prima, a taboca, de uma mata que fica no alto da Serra Lisa, em Chã Preta. “Lá escolho a taboca e faço o corte do tubo nos nós ainda verde. Ao secar é hora de marcar as escalas para só depois furar. Os enfeites (pedaços de metal) são apenas para compor a beleza do pífano. Já os tambores são feitos de madeira e corda”, relata.
Esquenta Mulher
Com os instrumentos prontos, é hora de compor o grupo para executar canções orquestradas conhecidas como marcha e o forró ‘Esquenta Mulher’. E como não se faz festa sozinho, foi iniciativa do próprio Mestre Bia ensinar crianças e adolescentes a tradição do pífano, diferente dos músicos do passado, que o negaram conhecimento.
Uma banda de pífano precisar ser composta por no mínimo 7 pessoas, que se dividem no pífano, no tarol, no tambor, nos pratos e na zabumba”, conta.
Para compor o grupo, mestre Bia precisava de mais gente. “Comecei a ensinar os meninos da cidade que se interessam por música. Essa é uma das minhas maiores felicidade”.
O mais novo da banda é o estudante Bruno Lucas, 12. Ele começou a tocar pífano aos 7 anos.
“Eu vi uma vez a banda de pífano tocando e pedi a minha mãe para participar. Daí ela me trouxe e eu aprendi a tirar som do instrumento. O que mais gosto são as músicas ‘esquenta mulher’ (ritmo acelerado e animado que lembra o forró).