Jacinto Silva, cantor, compositor e mestre do coco de roda.
21/02/2021
Nasceu no povoado de Canudos, elevado à categoria de município em 1962, pertencendo à microregião geográfica de Palmeira dos Índios. Trabalhou como agricultor, ajudante de caminhão e também como pedreiro. Trabalhou ainda como fabricante de mosaico. Ficou conhecido como “O Rojão em Pessoa”.Discípulo de Jackson do Pandeiro. Iniciou a carreira em 1945, com apenas 12 anos de idade, cantando emboladas em feiras, festas e cabarés. Seu trabalho serviu de inspiração para bandas pernambucanas como a Cascabulho.
Em 1951, apresentou-se no programa de calouros “Rádio Variedades”, da Rádio Difusora de Alagoas, interpretando a música “Que vontade de comer goiaba”, de José Ramos. Em 1954, foi contratado para se apresentar no Circo Garrido mostrando repertório de Jackson do Pandeiro. Em 1958, passou a residir na cidade de Caruaru, em Pernambuco e começou a se apresentar na Rádio Cultura do Nordeste. Em 1960, começou a se exibir no programa “Expresso da Alegria”, apresentado pelo compositor Onildo Almeida na Rádio Difusora de Caruaru. No mesmo ano, integrou a caravana Ivan Bulhões, percorrendo cidades no interior de Pernambuco, Alagoas e Paraíba.
Em 1962 gravou na Mocambo seu primeiro disco com o baião “Justiça divina”, de Onildo Almeida, e a marcha de roda “Bambuê bambuá”, de Joaquim Augusto e Luiz Plácido. No mesmo ano, teve o rojão “Moça de hoje”, parceria com Ari Lobo, gravado na RCA Victor pelo próprio Ari Lobo. Também no mesmo ano, formou com o sanfoneiro Camarão e com Raimundo Peba o trio Os Nordestinos do Ritmo. Em 1963, na gravadora Mocambo gravou, de sua autoria, o coco “Coco trocado” e, em parceria com Onildo Almeida, a moda de roda “Chora bananeira”. No mesmo período, registrou de Genival Lacerda e Antônio Clemente, o rojão “Carreiro novo”, e “Tombou e virou”, de sua autoria.
Em 1964 gravou dois dos últimos 78 rotações da série 15.000 da Mocambo com a moda de roda “Aquela rosa”, de sua autoria, e o coco “Na base do tamanco”, parceria com José Maurício. Na ocasião, os discos foram divididos com Toinho da Sanfona, que gravou no lado B. A partir de 1964, e, durante dez anos, participou da Caravana Pau de Sebo, um projeto da CBS idealizado pelo sanfoneiro Abdias para realização de shows para a venda de discos. As viagens eram feitas entre outubro e novembro e saía de Salvador e seguia para Aracaju, Maceió, Recife, Caruaru, Campina Grande, João Pessoa, Natal, São Luís, Fortaleza, Belém e Manaus.
Em 1965, foi lançado seu primeiro LP “Ritmo Explosivo”, pela CBS, no qual, com acompanhamento de Abdias e Seu Conjunto, interpretou as músicas “Coco Mastigadinho”, de Eraldo Monteiro e Pedro Cruz; “Ligava Liga”, de Julio Ricardo e Ari Monteiro; “Dor da Saudade”, de Luis Moreno e M. Messias Victor; “Coco na Paraíba”, de Miguel Lima e João Silva; “Toré”, de Miguel Lima e Pedro Cruz, e “Ela Sabiá”, de Julio Ricardo e Ari Monteiro, além de “Puxa O Fole Zé”, “Coco Machucado”, “Saudade de Alagoas”, “Vida de Carreiro”, “Na Roça É Assim” e “Adeus Corina”, todas de sua autoria. No mesmo ano, apresentou-se no programa “Varietés”, na Rádio Jornal do Bommercio, no Recife. Em 1966, lançou o LP “Cantando”, pela gravadora CBS, com as músicas “Pra Rapaziada”, de João Silva e Pedro Cruz; “No Pinicado”, de K-Boclinho e Fernando Silva; “O Pau Vai Cantar”, de João Silva e Sebastião Rodrigues, e “Rabo de Saia”, de Elino Julião e José Pereira, além de mais oito composições de sua autoria: “Amor de Capinheiro”, “Corrope de Jaboatão”, “Girasol” e “Coco na Ciranda”, as quatro com Antônio Clemente; “O Cantador”, com D. Matias; “Flor da Gameleira”, com Agripino Aroeira; “Coco do M”, com Zé do Brejo, e “Coco Sincopado”, com Zezé da Lojinha.
Nesse período era contratado da Rádio Tuoi, do Rio de Janeiro. Ainda em 1966, apresentou-se no programa “Carrosel da Alegria”, na Rádio Gazeta de Alagoas. Em 1967, gravou o LP “Só Era Eu” com dez composições de sua autoria: “Só Era Eu” e ” Amei Amei”, um grande sucesso, com D. Matias; “Rosa Branca”, com R. Sandoval de Melo; “Oito Baixos no Pagode”, com Zezé da Lojinha; “Forró do Zé”, com Rosil Cavalcanti; “Coco de Pernambuco” e “Com Lianda”, ambas com Antônio Clemente; “O Negócio É Andar Só”, com Luis Moreno, e “Casa de Aranha”, com Fernando Borges, além de “Forró do Tapanã”, de Pires Cavalcanti e Sebastião Rodrigues; “Nega da Mulestia”, de Onildo Almeida, e “Pisa Manero”, de Juvenal Lopes e Dilson Dória.
No mesmo ano, juntamente com Marinês, Coronel Ludugero, Abdias dos 8 Baixos e Trio Nordestino, participou do LP “Pau de Sebo Junino”, da CBS, interpretando “Amei Amei”, com D. Matias, e “Rosa Branca”, com R. Sandoval de Melo. Também neste ano, excursionou por várias cidades do interior de Pernambuco integrando a caravana Ivan Bulhões. Em 1968, dividiu com o cantor Osvaldo Oliveira o LP “É cao pra todo lado – Osvaldo Oliveira e Jacinto Silva”, no qual ocupou o lado B, interpretando “Vem Cá Morena”, de Juarez Santiago e Djalma Lourenço, e “Luar de Campina”, de José Ferreira, além de quatro composições suas: “O Tocador Quer Beber”, com R. Sandoval de Melo; “Orgulho de Vaqueiro”, com José Antônio; “Cante Cantador”, com Jacinto Silva, e “Pagode na Serra”, com D. Matias.
No mesmo ano, participou do LP coletivo “Pau de Sebo – VOL. 2”, que contou com as participações de Marinês, Osvaldo Oliveira, Abdias dos 8 Baixos, Trio Nordestino e Coronel Ludugero, interpretando “Quero Ver Rodar”, de Juarez Santiago, e “Lenço De Sinhá”, com Dilson Dória. Também em 1968, gravou pela CBS um compacto duplo com as músicas “Quero Ver Rodar”, de Juarez Santiago; “Coco De Ganzar”, com Tororó; “Lenço De Sinhá”, com Dilson Dória, e “Chega Pra Lá Mané”, de Genival Santos e João Barone. Nesse período, com as mudanças ocorridas na música popular brasileira com os Festivais da Canção e o movimento Tropicalista, quase não gravou LPs solo, fazendo participações em LPs coletivos.
Em 1969, tomou parte no LP “Pau de Sebo – VOL. 3”, interpretando “São João Daqui” e “Nunca Mais Brigar”, ambas de sua autoria. No memso ano, participou do LP “As Melhores do Nordeste” Vivo na Solidão” e “É Pelas Crianças”, de sua autoria. Em 1970, esteve presente no LP “Pau de Sebo – VOL. 4”, com a interpretação de “Só no Arraiá”, de sua autria, e “Zezé”, de Juarez Santiago. No mesmo ano, no LP “As Melhores do Nordeste – VOL. 2”, interpretou “Canoeiro” e “Vem Maria”, de sua autoria. Em 1971, esteve presente na coletânea “Pau de Sebo – VOL. 5”, com as músicas “Deixa Serenar”, com Ivan Bulhões, e ” Vem Amor”, de Sebastião Rodrigues e João Silva, em LP que contou ainda com a participação de Marinês, Jackson do Pandeiro, Abdias dos 8 Baixos e do Trio Nordestino. Em 1972, interpretou os baiões “Florismunda Vem Dançar”, com Ivan Bulhões, e “Linda Menina”, de Francisco Azulão e José Orlando, para o LP “Pau de Sebo – VOL. 6”, do selo Entré/CBS.
No mesmo ano, dividiu com o cantor e compositor Elino Julião o LP “Desafio – Elino Julião / Jacinto Silva”, no qual ficou com o lado B, interpretando “É São João” e “Plantação”, ambas com Janduhy Finizola; “Coco do Pindurão”, de José Faustino e Genésio Guedes; “Florisbela”, de Luélcio Cintra e Marco Antônio; “Mundo Violeiro”, de Janduhy Finizola, e “Uma Noite Só Não É Nada”, de D. Matias e Sebastião Rodrigues. Em 1973, gravou um xote para o LP “Pau de Sebo – VOL. 7”: “Sanfoneiro Contratado”, de Francisco Azulão e Genésio Guedes. No mesmo ano, participou do disco “Forró na palhoça”, lançado pela CBS, no qual interpretou “Tarrabufado”, de sua autoria e Isabel Biluca e “Flor de croatá”, de João Silva e Raimundo Evangelista.
Em 1974 lançou pelo selo Tropicana-Cantagalo o LP “Eu chego lá”, na época recebendo calorosa crítica do jornalista José Ramos Tinhorão, que a respeito do disco afirmou: “… Desfilam toadas agalopadas como “Flor de Croatá”, cocos como “Coco do pandeiro”, mazurcas nordestinas como “Eu chego já”, baiões de ritmo acelerado como “Tentar esquecer”, sambas-baiões como “Concurso de voz”, gêneros desconhecidos como mineiro-pau: uma estranha mistura que lembra ao mesmo tempo o ritmo do calango e, mais longinquamente, dos sambas de partido alto cariocas”. Em 1975, o LP duplo “O Melhor da Música Regional do Norte e Nordeste”, da gravadora Continental, incluiu sua gravação para o baião “São João Animado”, de sua autoria e Agenor Farias.
Neste ano, contratado pela gravadora Continental, lançou, pelo selo Musicolor, o LP “O que é meu é teu”, com as músicas “Meu Carimbó”, com Djalma da Hi-fi, “Cantando minha loa”, com Lídio Cavalcante, “Mulher Preguiçosa”, com José Silva, “Tudo é bom e nada presta”, com Juarez Santiago, e “O que é meu é teu”, com Agenor Farias. Em 1978, a gravadora Som Livre lançou o LP “Forrózando” que incluiu gravações do Trio Nordestino, Anastácia, Genival Lacerda, Marinês, e Gerson Filho, além de Luiz Gonzaga e seus irmãos Zé Gonzaga e Severino Januário. Neste disco interpretou “Mocotó Com Catuaba”.
No mesmo ano, teve o baião “Abôio de vaqueiro”, com Zé Cacau, gravado pelo trio de forró Os Três do Nordeste no LP “Forró do poeirão”.Em 1981, catorze anos depois de ter lançado seu último LP solo, gravou o disco “Gírias do Norte”, pelo selo Laço/Ariola com as músicas “Caderneta de Poupança”, de João Caetano e Adolfo da Modinha; “Nordeste Sofredor”, de Ramos Paiva e Genésio Guedes; “A Profissão de Cada Um”, de Juarez Santiago e Alonso da Modinha; “Vou a Palmares”, de Juarez Santiago; “São João 2001”, de Roberto Peixoto e Djalma da Hi / Fi; “Filosofia no Forró”, de Manuel Alves e Tiago Duarte, e “A Saia Vira Balão”, de João Caetano e Bibiu do Acordeom, além de cinco composições de sua autoria: “Não Sou Otário”, com Zé do Brejo; “Terra do Folclore”, com Zé Lagoa; “Sabiá da Mata”, com Ivan Bulhões, e “Gírias do Norte” e “Profecia do Padre Cícero”, com Onildo Almeida.
Em 1982, lançou o LP “O Vestido da Mariana”, pelo selo Rancho/Polygram, interpretando doze composições suas: “Não Corto Meu Cabelo”, com Sinval Francisco; “Desabafo de Baiano”, com Pedro Maranguape; “A Dona do Aviário” e “Amigo Coló”, com Enoque Bezerra; “Mora na Roça”, com Bibiu do Acordeom; “Cantiga do Galo”, com Pajeú; “Casal de Andorinha” e ” Mariano Chinga”, com Waldir Silva; “Balanço do Caqueiro”, com Biriu do Acordeom; “Aviso Final”, com João Caetano, e “Coco do Gago” e “O Vestido da Mariana”, somente suas. No mesmo ano, participou do LP “Varandão do Pajeú – Pajeú e Seus Convidados”, do selo Rancho/Polygram, no qual interpretou com o cantor Pajeú a música “Cantiga do Galo”, com Pajeú.
Em 1983, gravou o LP “Confusão no Galinheiro”, pelo selo Rancho/Polygram, com as músicas “Uricuri Coco de Praia”, com Zé do Rojão de Arapiraca; “Confusão no Galinheiro”, com Enoque Bezerra; “Calor e Suor”, com Lidio Cavalcanti; “Não Crio Cobra”, com Alonso da Modinha; “Dinheiro Só de Papel”, com Geraldo Lopes, e “Negócio Errado” e “Sou Colecionador”, de sua autoria, além de “A Zéfa Mentirosa”, de Gilvan Neves; “Eu Sei Meu Bem”, de João Caetano; “Na Corda do Feijão”, de Janduhy Finizola; “Depois Que Ela Se Foi”, de Juarez Santiago, e “Meu Caráter É Duro”, de Azulão de Alagoas e Genésio Guedes. Em 1986, sua interpretação para o baião “São João Animado”, com Agenor Farias, foi incluída no LP “O Fino do Pau de Sebo – VOL. 4”, da Phonodisc/Continental, que apresentou artistas como Pedro Sertanejo, Clemilda, Zenilton e Gerson Filho, entre outros.
Em 1993, lançou de forma independente o LP “O Forrozeiro” com os baiões “Caruaru Da Gente”, “Buchada Com Aruá”, “Costume De Dizer”, “Eu E Ela” e “Minha Terra”, de sua autoria; “É Um Trem E Um Tróia” e ” Recordando”, com Juarez Santiago, e “Imaginação”, com Idevaldo Marques, além de “Baralho Novo”, de Zé da Flauta e Rudy Barbosa, e “Justiça Divina”, de Onildo Almeida. Em 1995, gravou o LP “Em Nome do Sol”, pelo selo Brasil Novo, que incluiu números de sua autoria como “Em Nome do Sol”, com Xangai; “O Valor do Cajueiro”, com Roberto Souto Maior; “É Isso Que o Zé Quer”, com Janéo Silva, e “Aquela Rosa”; “Paraíso das Águas”; “Forró de Enorice” e “Nunca Mais Brigar”, apenas suas, além de obras de outros autores.
Em 1998, participou do LP “Fome dá Dor de Cabeça”, do Grupo Cascabulho e Silvério Pessoa, interpretando “Xodó De Sanfoneiro”, de Gerson Filho e João Silva. Em 2000, lançou seu último disco “Só Não Dança Quem Não Quer”, pelo selo Manguenitude, interpretando as composições “Só Não Dança Quem Não Quer”, “Se O Tempo Voltasse”, “Carreiro Novo”, “Coco Trocado”, “Aboio De Um Vaqueiro”, “Minha Primeira Professora”, “Toda Moça É Uma Flor”, “O Rato Comeu”, e “Teste Para Cantador”, todas de sua autoria, esta última, com a participação de Silvério Pessoa, além de “Chora Bananeira”, com Onildo Almeida, e “Fumando Mais Tonha”, de Zé da Flauta. Em 2001 recebeu um tributo do cantor e compositor Silvério Pessoa, ex líder do grupo Cascabulho, no CD “Bate o mancá – O Povo dos Canaviais”, com suas músicas sendo interpretadas por diferentes artistas.
Neste disco, sua voz, gravada em Caruaru, aparece na faixa de abertura “Carreiro Novo”, de sua autoria. Também cantou nas faixas ” Casa de Aranha”, com Fernando Borges, um coco de embolada gravado no Terreiro da Luni, e “Aquela Rosa”, de sua autoria. Também constaram do disco as músicas “Sabiá da Mata”, com Ivan Bulhões; “Puxe O Fole Zé”, só de sua autoria, e “Corrope de Jaboatão”, com Antônio Clemente, além de “Amor de Capinheiro”, com Antônio Clemente, com participação de Bnegão; “O Cantador”, com D. Matias, participação: Lula Queiroga; “Gírias do Norte”, com Onildo Almeida; participação do Bonsucesso Samba Clube, e “Chora Bananeira”, com Onildo Almeida, e “Coco do M”, com Zé do Brejo, participação do grupo Digital Groove.
Em 2007, teve a sua música “Côco trocado” gravada por Chico Salles no CD “Tá no sangue e no suor”. Em 2012, realizou participação na coleção tripla de CDs “Pernambuco forrozando para o mundo – Viva Dominguinhos!!!”, produzida por Fábio Cabral, cantando a música “Fumando mais Tonha”, de Zé da Flauta. A coletânea trouxe forrós diversos, interpretados por 48 artistas, e que fazem referência aos 50 anos de carreira do seu inspirador:
Dominguinhos. Interpretando músicas de compositores, em sua grande maioria pernambucanos, fizeram parte do projeto também artistas como Acioly Neto, Adelzon Viana, Dudu do Acordeon, Elba Ramalho, Hebert Lucena, Irah Caldeira, Liv Moraes, Petrúcio Amorim, Geraldo Maia, Sandro Haick, Spok, Jefferson Gonçalves, Chambinho, Joquinha Gonzaga, Maciel Melo, Jorge de Altinho, Luizinho Calixto, Silvério Pessoa, Walmir Silva, entre outros, além do próprio Dominguinhos.
Ao longo da carreira gravou 24 LPs e dois CDs. Em 2013, foi lançado o livro “Jacinto Silva – As Canções”, do professor universitário e poeta Luciano José, com uma catalogação completa das obras do compositor.
Fonte de pesquisa: www.dicionariompb.com.br
Sobre o autor
Marcos Lima
Produz e divulga a sabedoria popular do povo alagoano e nordestino.