
José Sebastião de Oliveira, conhecido como mestre Sebastião, foi personagem do guerreiro por mais de 30 anos. Aprendeu com o Mestre Osório Tavares. Com uma bela voz e facilidade de improviso, acabou montando o seu próprio grupo, o Guerreiro da Viçosa, para se apresentar em festas religiosas, natalinas e eventos sócio-culturais. Na trajetória de sua vida, foi também cantador de pagode, repentista e agricultor.
Ele faleceu em 20/04/2010, e deixou uma lacuna para a cultura popular de seu município. O mestre Sebastião era muito querido pelos viçosenses e tinha adquirido a simpatia das pessoas que gostam da cultura popular. Segundo a atual Secretária de Cultura do Município, Karina Padilha, ele tinha uma capacidade de improvisar com criatividade e coesão. “Uma voz inesquecível e insubstituível. Tinha um bailado único. Era um mestre completo”, destacou a secretária.
Graças ao seu talento, mestre Sebastião alcançou destaque entre os famosos do folclore alagoano, sendo reconhecido como patrimônio vivo de Alagoas. Registro: Resolução nº 03/2006, Livro de Tombo nº 05, à folha 08 frente, a partir de 15 de março de 2006. Foi um prêmio sonhando por ele e por tantos defensores da cultura raiz. Viçosa, do saudoso mestre Osório Tavares, conta também com Expedito Tavares, do Reisado Virgem dos Pobres, do Povoado Bananal e mestre Bia, com sua bandinha de pifano, alegrando as festas da cidade.
A vida dos nossos ícones do folclore alagoano é de fazer pena. A maioria deles de origem humilde entra nas brincadeiras dos Guerreiros, Reisado, Pagôde, para satisfazer o seu desejo de ser um mestre e mostrar o seu lado poético e criador. Mestre Sebastião do Guerreiro, foi criado apreciando os grandes nomes da época até fazer parte do famoso Reisado do Mestre Osório, da Viçosa, que se tornou famoso e representou Alagoas no IV Centenário de São Paulo e convidado a participar de eventos pelo Brasil afora.
É sempre assim que as coisas acontecem. O interior do nosso Estado tem espalhado pelas cidades, vilas e povoados, uma centena de brincantes que nascem nas conversas de fim de semana na sombra do Juazeiro, das Jaqueiras, das Mangueiras e assim por diante. É a sustentação da nossa cultura vindo do povo pobre, a maioria analfabeto, que tem o poder de cantar, improvisar e alegrar a sua comunidade e o povo alagoano. Mestre Sebastião foi um deles, viajou para a eternidade e deixou um legado honrando as tradições de Viçosa, a terra do folclore.
Fonte: Asfopal – Associação dos Folguedos Populares de Alagoas e Secult/AL