«Vivamos num mundo mais iluminado pela Cultura para que a expressão de Deus seja mais viva»
11/12/2019
O que é mais importante (criar, manter, repensar) na relação da Igreja com a Cultura?
O tema da relação da Igreja com a Cultura tem feito escrever muitas linhas sobre o mesmo, e é inegável que este é um assunto de extrema importância para a revitalização da Igreja contemporânea. Se será uma situação de criar, manter ou repensar essa relação terá a ver com o contexto de cada realidade. Novas relações terão de ser criadas, enquanto outras, mais contextualizadas numa perspetiva histórica, se terão de manter e outras ainda repensadas por forma a serem percetíveis na nossa sociedade. Se a Igreja pretende um novo discurso adaptado às novas realidades que hoje se vivem, então terá de criar um novo posicionamento servindo-se das mais diversas expressões culturais para que a linguagem utilizada seja comum e ao mesmo tempo apelativa e congregadora. Importa no conjunto das atividades que a Igreja realiza respeitar as normas, mas relacioná-las com a vida num caminho de nova evangelização que consiga convocar e dinamizar as comunidades. Mas concretamente, o que é feito neste campo? Será que em paróquias inseridas em pequenas cidades, esta transformação poderá ter alguma visibilidade? É neste sentido que pretendemos aqui dar exemplo da caminhada da nossa comunidade neste diálogo da Cultura com a Igreja.
Vivemos em sociedade, independente da religião que praticamos, do modo que entendemos a vida, das nossas crenças e filosofias, do nosso “querer” ou “gostar”, logo torna-se imprescindível começar por promover a relação e parcerias com instituições da sociedade civil ao mesmo tempo que se proporciona a participação de toda a comunidade.
As parcerias referidas são de extrema importância no desenvolvimento das atividades que se efetuam, porque assim a Igreja abre-se ao exterior e hoje já não é só a Igreja a procurar essas parcerias, como também o contrário acontece; Câmara Municipal, Escolas e Associações interagem com a paróquia na promoção, dinamização e divulgação de eventos e atividades. Estas são as mais diversas, desde um simples concurso de “presépios na cidade” que culmina numa cerimónia de encerramento em que a música se alia à arte e todos os parceiros partilham das mesmas emoções; escolas e instituições de solidariedade que respondem ao convite de acolher grupos de jovens missionários que vão passando pela paróquia; exposições várias; tradições culturais que se renovam, como a procissão em honra do padroeiro que congrega toda a cidade; dinâmicas do Advento e da Quaresma que envolvem toda a família e amigos; uma via-sacra encenada por crianças em que, por exemplo, um dos cenários, o do Monte das Oliveiras, é inspirado numa das obras de Van Gogh; a música quando a igreja matriz acolhe vários concertos, entre os quais se conta recentemente o que deu seguimento à via sacra “Stabat Mater Pergolesi”; participação de membros da comunidade na conceção gráfica dos diversos eventos; valorização e revitalização de espaços etc.. Expressões muito diferentes, mas que de uma forma dinâmica conseguem ligar a Paróquia a toda a comunidade, porque a linguagem é comum – a da Cultura.
Se não se pode viver em Deus sem viver no mundo, então vivamos num mundo mais iluminado pela Cultura para que a expressão de Deus seja mais viva.
Fonte: www.snpcultura.org
Sobre o autor
Marcos Lima
Produz e divulga a sabedoria popular do povo alagoano e nordestino.