Documentário “Faz Sol Lá Sim” ganha a tela da Mostra de longa-metragem nacional

A obra de Claufe Rodrigues retrata como a tradição musical da cidade alagoana de Marechal Deodoro se mantém viva por mais de cem anos

A Sala de Exibições do Circuito Penedo de Cinema foi o local escolhido para a pré-estreia do filme documentário “Faz Sol Lá Sim”, dentro da programação da Mostra de Longa-metragen nacional. A obra de Claufe Rodrigues apresenta a musicalidade da cidade de Marechal Deodoro, em Alagoas, e a tradição do ensino da música, que perpetua por gerações. Marcado por um grande e variado elenco, o longa-metragem sensibiliza o público ao retratar como aquelas pessoas vivem a música e enxergam nela uma perspectiva de futuro digno e com estabilidade. Além disso, faz um panorama das filarmônicas da cidade, dentre as quais se destacam Santa Cecília e Carlos Gomes, ambas com mais de cem anos de existência.

O diretor, Claufe, que é escritor, jornalista, documentarista, compositor e produtor cultural, falou como despertou o interesse em levar essa história para as telas de cinema. Segundo ele, a ideia do filme surgiu durante uma passagem pela cidade de Marechal Deodoro, em 2014, quando estava na orla com sua esposa, Mônica Montone, também escritora e cantora. Na ocasião, passou desfilando uma banda com mais de 40 componentes que tocavam instrumentos diversos e ele ficou encantado. “Eu tinha vindo participar da Flimar (Festa Literária de Marechal Deodoro) pelo segundo ano consecutivo e somente nesse segundo ano eu percebi que a cidade tinha essa história com a música. Eu adoro música, coleciono discos, sou compositor e eu fiquei muito impressionado com o poder daquilo ali”, afirmou.

Claufe explicou que o filme está um pouco diferente da ideia original, mas, apesar de o tempo para a conclusão ter sido maior que o previsto, ficou bastante satisfeito com o resultado. “A ideia original era um pouco diferente do que ficou no final e, por conta de restrições orçamentárias, a gente foi meio que mudando o filme. Mas, de qualquer maneira, foi interessante esse tempo todo porque a gente pôde se entender melhor com a cidade, com os personagens, se inteirar do que realmente acontecia, qual era a história da cidade em relação à música”, disse. Questionado sobre a impressão que teve ao ver o filme em sua pré-estreia, o diretor confessou: “Nós somos muito críticos com o trabalho dos outros, mas é difícil fazer um juízo crítico do nosso próprio trabalho. Eu fiquei muito nervoso porque ainda não tinha visto o filme na tela grande, pois ainda não tinha sido exibido”. Ele também reforçou que o filme surgiu não só como um desafio, mas como a necessidade de expressar seu amor por Alagoas, pelos músicos e pela cidade de Marechal Deodoro.

Aprendizado

Claufe Rodrigues relatou ainda sobre a lição que teve durante essa obra: “O filme conta como as filarmônicas retratadas sobreviveram com tanta dignidade ao longo de tanto tempo e com poucos recursos. Aquilo para nós foi um aprendizado, um norte. Se eles conseguem estar de pé por tanto tempo, e com um trabalho de qualidade (você vê que não tem fardamento estragado, os instrumentos são todos afinados, tudo muito limpo), então pensamos ‘vamos fazer esse documentário!”.

Além disso, frisou a importância de não desistir frente às dificuldades: “Quando começamos alguma coisa, temos que ir até o final, porque isso dá uma satisfação muito grande. Eu me sentiria muito frustrado se depois das primeiras dificuldades eu tivesse desistido”. Para finalizar, o diretor demonstrou gratidão à sua equipe, que, embora pequena, se empenhou bastante nesse trabalho e o deixou muito orgulhoso com a conclusão do filme.

Plateia

Quem conferiu na Sala de Exibições do Circuito o filme documentário “Faz Sol Lá Sim” foi músico Elizaubo Wandemberguer, um dos personagens da obra. Ele é clarinetista, saxofonista e luthier (profissional especializado na construção e no reparo de instrumentos de cordas), e aprendeu a tocar na Sociedade Musical Carlos Gomes, que é a segunda mais antiga da cidade de Marechal. Ao ser questionado sobre a sensação de se ver na tela do cinema, ele disse: “É algo excepcional. Eu não imaginava participar de um filme dessa natureza. Apesar de ser músico, até agora a ficha não caiu”. Para Elizaubo, a cultura de Marechal é algo nobre e precisa que ser mostrada para a sociedade.

Já a cidadã penedense, Irailda de Oliveira, ficou bastante emocionada com o filme. “Eu fiquei surpresa de ver aquelas bandas maravilhosas tocando, pois eu gosto muito. Já morei em outra cidade, sei que lá tem banda marcial, mas não é igual às [bandas] de Marechal. E eu amei de verdade o filme”, declarou. E Kauê Oliveira, que é músico de Penedo, também prestigiou o filme e demonstrou satisfação: “Eu estou no mundo da música há cerca de 15 anos, já conheço algumas pessoas de Marechal e achei o filme muito bom, uma ótima ideia”.

O Circuito Penedo de Cinema é realizado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), pelo Instituto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do Homem Contemporâneo (IECPS), pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e conta com patrocínio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), da Prefeitura de Penedo e do Sebrae Alagoas.

Fonte: www.cultura.al.gov.br

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