Prudente de Moraes

Último retrato de Prudente de Moraes, feito em São Paulo em 1901. F. Voltsack /Coleção M. H. P.

Prudente de Moraes, ao assumir a Presidência da República, restabelece o binônimo de forças entre o poder politico e o poder econômico. A cultura cafeeira é a responsável pelo equilíbrio financeiro do Brasil. O Estado de São Paulo é o maior produtor do país. Implanta-se o domínio dos grandes fazendeiros de café nas decisões nacionais. Os três primeiros presidentes civis são paulistas: Prudente de Moraes, Campos Sales e Rodrigues Alves. Durante 12 anos consecutivos, ainda na fase inicial da arrancada do processo de industrialização, as prioridades do governo beneficiam a região Centro-Sul, fortalecendo São Paulo e Minas Gerais, e se estabelece a alternância de poder entre os dois grandes Estados.

Campos Sales, politico profundamente habilidoso, concebe um mecanismo pelo qual fortalece a Presidência da República, eliminando as relações conflitivas entre o poder federal e o poder estadual. A fórmula é a “politica dos Governadores”, que consiste, basicamente, no apoio irrestrito do presidente ao governo de cada Estado, que, por sua vez, lhe presta obediência, fazendo com que os parlamentares, no Congresso Nacional, eleitos dentro desse esquema, votem fielmente todos os projetos de interesse do governo. A votação em aberto, chamada “eleição de bico-de-pena”, permite a maioria tranquila das forças situacionistas. O coronelismo domina os municípios. Cada chefe politico é um verdadeiro senhor feudal em sua região.

O Barão de Traipu é eleito Governador de Alagoas, no período presidencial de Prudente de Moraes. A inquietação politica continua tumultuando a vida do Estado. Em maio de 1895, o governo é deposto. O Presidente da República telegrafa ao comandante do Batalhão do Exército ordenando que garantisse a reposição do Governador. O Barão, voltando ao poder, aposenta os magistrados e demite todos os funcionários que tomaram parte na rebelião. Concluiu o seu mandato, em 1897, passando o governo para médico e professor Manoel José Duarte, que, impotente para enfrentar as sequelas das lutas politicas que tanto infelicitam o Estado, renuncia, dois anos depois.

O coronel Santos Pacheco preside as eleições de 1900, quando Euclides Vieira Malta derrota Miguel Soares Palmeira, elegendo-se Governador. Culto e dinâmico conhecendo a intimidade e os problemas dos homens de Alagoas – é genro do muito rico e pouco letrado Barão de Traipu, de quem fora o principal conselheiro -, esforça-se para diminuir as tensões politicas, evitando perseguições e revanchismo aos derrotados. Beneficiando-se da implantaçãoda “politica dos Governadores” adotada pelo presidenteCampos Sales, perpetua-se no poder, instituindo a oligarquia da família. Concluindo seu triênio administrativo, elege Governador seu irmão Joaquim Paulo Vieira Malta.

Retorna a dirigir os destinos de Alagoas, em 1906, conseguindo reeleger-se, em 1909, apesar da forte oposição liderada por Gabino Besouro. Personalidade forte, acostumado ao mando, Euclides Malta enfrenta seus adversários com destemor e obstinação. Seguindo o exemplo do Presidente Rodrigues Alves, que embeleza o Rio de Janeiro com várias obras, torna Maceió mais bonita, concluindo o Palácio Marechal Floriano, construindo o Teatro Deodoro e o Tribunal de Justiça, erigindo os monumentos ao Visconde de Sinimbú, aos Marechais Deodoro e Floriano e à matriaca Rosa da Fonseca. Prestigia Dom Antônio Brandão, o primeiro bispo de Alagoas, ajudando na construção do seminário para ensino religioso, no bairro do Farol, e na reforma da Santa Casa de Misericórdia.

O Marechal Hermes da Fonseca, sobrinho de Deodoro, derrota Rui Barbosa e assume, em 1912, a Presidência da República. Embora nascido no Rio Grande do Sul, não esquece as origens alagoanas da família e influência, decisivamente, a eleição do seu primo, o Coronel Clodoaldo da Fonsêca, para Governador, derrubando a oligarquia Malta.

Fonte de pesquisa: Livro de “Raízes de Alagoas”, que tem como autores Divaldo Suruagy e Rubem Wanderley Filho. Impresso por :Imprensa Oficial Graciliano Ramos.

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