
Maria Flor dos Santos, nasceu no dia 02 de fevereiro de 1930, no Engenho dos Prazeres, município de Fleixeiras/AL, filha de Florentino Ferreira dos Santos e de Elvira Maria da Conceição.
Conhecida como Dona Flor, Rainha do Guerreiro Alagoano, também poderia ser chamada de “Senhora dos Anéis” por estar sempre cheia deles, brilhantes e coloridos. Muitas pulseiras, colares e brincos, roupas de cores vibrantes e vistosas, unhas e lábios sempre pintados de vermelho, fazem de Maria Flor uma autêntica rainha, dentro e fora do guerreiro.
Começou a dançar aos dez anos quando ainda estava na casa de seus pais e muito nova foi Estrela de Ouro e Rainha. Vindo residir em Maceió, com vinte e poucos anos, integrou o guerreiro do mestre Jorge Ferreira, no bairro da Chã da Jaqueira, onde dançou por dois anos e se apresentou em vários municípios do estado.
“A coisa melhor do mundo é o guerreiro. Quando o mestre Jorge resolvia viajar, eu largava o emprego de domestica e ia junto. Sempre sobrava um dinheirinho para comer e guardar. Conforto, nem pensar, o transporte era um caminhão, a dormida era arranchada nas casas dos outros ou nas salas das escolas, mas não faltava um palco para as apresentações e nada abalava a alegria de dançar guerreiro”.
Posteriormente, foi dançar no guerreiro Vencedor Alagoano, coordenado pelo Sr. José Tenório e tendo Juvenal Leonardo Jordão como mestre, passando vinte e cinco anos neste grupo.
“Hoje não participo mais da brincadeira mas sinto muita saudade, todos os dias canto as peças, para não esquecer e para ensinar minhas bisnetas e tataraneta, acho que elas vão gostar de dançar”.
Dona Flor, como é conhecida, participou do projeto “Mestre na Escola”, da Secretaria Estadual de Educação, criando, junto com o mestre Juvenal Leonardo, o belíssimo “Guerreiro das Artes”, no Núcleo de Extensão Artístico, do CEPA.
È sócia da Associação dos Folguedos Populares de Alagoas/ASFOPAL, há 24 anos, trazida para as reuniões pelo saudoso mestre Jorge Ferreira.
Dona de um timbre de voz peculiar, D.Flor não esquece dos bons tempos em que as reuniões da ASFOPAL eram comandadas pelo Professor Ranilson: “O Ranilson gostava muito da gente, dava muito valor e todas as vezes que eu me apresentava ele me elogiava muito e dizia ao publico que eu gastava todo o meu 13º salário com o meu traje, o que era verdade”.
Em 2009, Maria Flor dos Santos foi considerada Patrimônio Vivo, pela lei de “Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas”, assumindo o compromisso de repassar o saber e o fazer da nossa cultura popular as novas gerações, sempre com o objetivo de preservar e divulgar o folclore alagoano.
A flor rara do nosso folclore, arremata com entusiasmo, no alto de suas oito décadas bem vividas: “Estou pronta, está tudo guardado em minha lembrança, é só me chamarem que eu me apresento”.
Dona Flor, faleceu no dia 10 de dezembro de 2018, indo morar na eternidade e deixando os brincantes do folclore alagoano tristes e saudosos.
Fonte: NOVAES, Josefina Maria Medeiros. ASFOPAL – Associação de Folguedos Populares de Alagoas – 25 Anos Brincando Sério. Maceió