Entremeio do Reisado Alagoano: Zabelê

O Zabelê também é um “entremeio” antigo que pertence ao grupo dos personagen totêmicos. Segundo os dicionaristas,  Zabelê é “uma espécie de nambu”. Conhecida no Sul com o nome de Jaó (Gen. Cryptusellus).  Realmente o personagem do nosso “entremeio”, segundo veremos adiante, representa uma ave,  e dá até um assovio  a fim de imita-la melhor.

Personagem –  O dançador vestia-se numa espécie de saco comprido, pintado de cores vivas, de modo a imitar o corpo de uma ave´. A parte superior do saco, convenientemente estreitada, adaptava-se  a uma armação de madeira, imitando  em grande parte a cabeça de uma ave.  A parte inferior do bico articulava-se com a cabeça restante e o dançador, com as mãos estendidas para cima, sustentava-a bem , e fazia com elas movimentos de abrir e fechar  o bico.

Ação – Quase nenhuma . O Zabelê entra no salão, dança e vai executando tudo aquilo que é para o Mestre ordenado na cantiga: cumprimentos, salamaleques, danças, etc. Todas as vezes que abria o bico, o dispositivo especial  colocado na cabeça dava um assovio  prolongado e agudo.

Canto – A música do Zabelê  ate hoje nada mudou. Registrada segundo canto entoado  por Manoel Lourenço é a mesma melodia de 40 anos atrás. Os textos são deste citado Mestre  e de Reisados antigos de João Félix, Libânio e Ernesto da “Sapucaia”.  Atualmente, como tem acontecido com outros “entremeios”, nele se tem introduzido, com peça de entrada, uma a cantiga  de formação recente:

Prá onde vai meu Zabelê

Com as suas barras azul

Passiá nesta cidade

Olê moreninha, eu sou do Sú

Depois , quando o Zabelê , já está dentro do salão, o Mestre entôa  o canto do Zabelê, respondido pelo côro:

Mestre – Cuma brinca o Zabelê

Coro – Zabelê, meu zabelê

Mestre – Entra prú salão, zabelê

Coro – Zabelê, meu zabelê

Mestre – Cumo é belo o zabelê

Coro – Zabelê, meu

Mestre – Faz a sua curtizia

Coro – Zabelê, meu zabelê

Mestre –  Ao sinhô dono da casa

Coro – Zabelê, meu zabelê

Mestre – Cum todo sua famia

Coro – Zabelê, meu zabelê

Mestre – Gostei de vê, meu zabelê

Coro – Zabelê, meu zabelê

Mestre – Entra pra dento, zabelê

Coro – Zabelê, meu zabelê

Mestre – Vai t`imbora zabelê

Coro – Zabelê, meu zabelê

Fonte: Extraido do livro de Théo Brandão: Reisado Alagoano – Editora Edufal

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