Chico Antônio – Francisco Antônio Moreira

Dados Artísticos

Chico Antonio, ainda jovem

Ainda jovem e contrariando a vontade do pai, que não o achava bom cantor, foi prosseguindo na lida de embolador. Passa a vencer desafios com famosos cantadores de coco de sua região como Zé Fulô, Mané Matias, Cícero Matias, Antônio Matias, o preto João Perigoso, Domingos Gregório e outros. Seu trabalho passa a ser então uma referência para outros cantadores. Em janeiro de 1929 estava trabalhando no Engenho Bom Jardim, quando foi levado a cantar para o poeta e escritor modernista Mário de Andrade, que estava de visita naquele lugar. O encontro entre os dois foi registrado por Mário de Andrade no livro “O turista aprendiz”. Anos mais tarde, Chico Antônio foi tentar a vida no Rio de Janeiro, onde trabalhou em Bonsucesso, Botafogo e Jacarepaguá. Em seguida, retornou, para sua cidade natal, voltando a trabalhar na roça e a cantar cocos nos finais de semana. Embora sua arte continuasse a ser apreciada em sua região, caiu no esquecimento do resto do país. Em 1979, o estudioso do folclore brasileiro Deífilo Gurgel, em viagem ao Rio Grande do Norte, em pesquisa para a Fundação José Augusto, tomou conhecimento da existência de um cantador de cocos que parecia ser o lendário Chico Antônio, registrado por Mário de Andrade.Foi então até Porto Velho e confirmou a informação. Levou então o cantador para Natal, onde este se apresentou em congressos e festivais, além de conceder entrevistas para diversos jornalistas e estudiosos.

Em 1982, um convênio entre o Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro e a Funarte, possibilitou a gravação do único registro fonográfico do mestre coqueiro. A gravação ocorreu nos dias 26 e 28 de agosto daquele mesmo ano, na casa de Chico Antônio e na do seu filho. Foram registradas nove composições, todas de autoria de Chico Antônio e Paulírio, entre as quais “Boi tungão”, “Onde vais, Helena”, “Curió da beira-mar” e “Vou no mar”. Em 1983 apresentou-se no programa “Som Brasil”, da TV Globo, apresentado por Rolando Boldrin. Um dos mais ilustres representantes do coco foi o único que recebeu um estudo pormenorizado de sua obra, chegando a ser personagem de dois textos ficcionais de Mário de Andrade. Em 1995 teve o coco “Usina (tango no mango)”, parceria com Paulírio, gravado pelo grupo pernambucano Mestre Ambrósio. Em 1997 foi homenageado pelo cantor e compositor pernambucano Antônio Nóbrega no show “Na pancada do ganzá”. Em 1999, o Acervo Funarte lançou o CD “No balanço do ganzá”, com interpretações de Chico Antônio feitas 54 anos depois de seu encontro com Mário de Andrade. No mesmo ano, teve a música “Eu vou, você não vai”, foi gravado no CD “Nação Potiguar”, lançado em homenagem aos 400 anos da cidade de Natal.

Biografia: Embolador. Coqueiro. Cantador.

Nasceu em Cortes, nas cercanias de Pedro Velho, cidade que fica a sudeste do Rio Grande do Norte, na fronteira com a Paraíba no começo do século. Há controvérsias quanto a sua real idade. Na certidão de casamento, consta o ano de 1904, e numa carteira de trabalho, tirada no Rio de Janeiro, consta o ano de 1908. Assim como os pais, sempre trabalhou na roça. Embora tenha freqüentado seis anos de escola, acabou não se alfabetizando. Começou a cantar com cerca de 12 anos.

Obra

  • Boi tungão (c/ Paulírio)

  • Curió da beira-mar (c/ Paulírio)

  • É Luquinha da lagoa (c/ Paulírio)

  • É tinguê-lê

  • Eu vou, você não vai

  • Onde vais, Helena (c/ Paulírio)

  • Pinto pelado (c/ Paulírio)

  • Serrador, bota o pau na serra (c/ Paulírio)

  • Usina (c/ Paulírio)

  • Vou no mar (c/ Paulírio)

Discografia

  • (1999) No balanço do ganzá • Arquivo Funarte • CD

  • (1982) No balanço do ganzá • Tacape • LP

 29/9/1904 Porto Velho, RN  –   15/10/1993 Porto Velho, RN

Bibliografia Crítica

  • CÂMARA, Leide. Dicionário da Música do Rio Grande do Norte. Natal: Acervo da Música Potiguar, 2001.

Fonte: www.dicionariompb.com.br

 

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