Dia de São José: conheça as comemorações da data.

Tradição católica considera o santo um patrono da Igreja

A solenidade de São José é celebrada neste domingo, 19 de março. A tradição católica considera o santo um patrono da Igreja, cujo reconhecimento e devoção são associados pelos fieis à proteção oferecida por São José a Maria e a Jesus.

Outra lição atribuída a São José é a valorização do silêncio e do recolhimento, que são marcas do período da Quaresma, o momento do calendário cristão entre a Quarta-feira de Cinzas e o Domingo de Ramos, que dá início às celebrações da Páscoa.

“José é chamado o santo do silêncio. O Evangelho não registra nenhuma palavra dita por ele. Construiu sua santidade na simplicidade, na humildade e no silêncio de Nazaré. Precisamos, hoje, cultivar a estima pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito. Somos hoje, assediados por tantos clamores, ruídos e gritos da vida moderna barulhenta e estressante”, afirma o cardeal Orani Tempesta, em artigo para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Em homilia, momento da missa em que um celebrante se dirige aos fieis, o papa Francisco afirmou que São José era um homem concreto, mas com o coração aberto.

“O sonho é um lugar privilegiado para buscar a verdade, porque ali não nos defendemos da verdade. Vêm e… Deus fala também nos sonhos. Nem sempre, porque normalmente é o nosso inconsciente que vem, mas Deus muitas vezes escolheu falar nos sonhos. E o fez muitas vezes, na Bíblia se vê, não? Nos sonhos. Mas José era o homem dos sonhos, mas não era um sonhador. Não tinha fantasias. Um sonhador é outra coisa: é aquele que crê… vai… está no ar e não tem os pés no chão. José tinha os pés no chão. Mas era aberto”, disse Francisco.

Devoção

“José Pai, Esposo, Protetor, Guardião, Provedor”, são alguns dos nomes que caracterizam um dos santos mais queridos entre os brasileiros, como explica à CNN o professor Francisco Emílio Surian, mestre em Teologia pela PUC São Paulo e coordenador do curso de Teologia para Leigos do Instituto de Teologia São José de Anchieta da Universidade Católica de Santos.

O teólogo explica a importância do santo e o quão grande é a devoção a São José. Em 2020, completou-se 150 anos da declaração de São José como Padroeiro da Igreja Católica, feita pelo Beato Pio IX.

“O Papa Pio XII o apresentou como “Padroeiro dos Operários” e São João Paulo II como “Guardião do Redentor”. Com tantos títulos, São José não perde a marca que o eternizou para os cristãos: o pai humilde”, disse Surian.

Por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como padroeiro Universal da Igreja, Papa Francisco identificou o santo como o homem que amou Jesus com o coração de pai:

“Pai amado, Pai na ternura, Pai na obediência, Pai no acolhimento, Pai com coragem criativa, Pai trabalhador, Pai na sombra. Este último, uma imagem do escritor polaco Jan Dobraczyński que identifica São José com a sombra do Pai celeste na terra”, explicou o teólogo.

Tradições

Os brasileiros têm algumas tradições para a celebração dos santos. E com São José não é diferente. Uma tradição associada ao santo é a da medalhinha de São José “escondida” no bolo do dia da festa que as comunidades em diversas cidades costumam fazer.

“São José é padroeiro de Dioceses, de Igrejas, de seminários. Também empresta seu nome para batizar ruas, bairros e casas de comércio, o que demonstra que o povo tem um grande carinho pelo santo”, afirma o teólogo.

Surian acrescenta que entre as celebrações também há as novenas: nove dias de oração preparando o dia do santo.

“A novena normalmente acontece nos nove dias que antecedem a festa. Orações devocionais, o terço, celebração da missa com pregação especial e de modo especial com as bênçãos das carteiras de trabalho, pedindo ou agradecendo a bênção de um emprego”, disse.

“E normalmente se faz a também a procissão. Um momento de graça para o nosso povo. A imagem do santo é conduzida pelas ruas entre cantos e orações e segue abençoando o caminho e as vidas num momento de grande expressão de nossa mística popular”, acrescenta.

História

Surian explica que a principal referência para falar de José são os Evangelhos de Mateus e de Lucas.

“Em Mateus, logo encontramos o ‘homem justo’. Aquele que pensava em abandonar Maria em silêncio para não a prejudicar. Mas imediatamente já se apresenta “aquele que ouve”. José, em sonho, é inspirado por Deus, para receber Maria como esposa, pois o filho em seu ventre “é obra do Espírito Santo” (Mt 1,20)”, diz.

Ele acrescenta que tanto no Evangelho de Mateus como no Evangelho de Lucas, destaca-se que José é descendente do Rei Davi, para que se cumpra a profecia em que o Salvador nasceria da Casa de Davi.

“E assim José é apresentado nos Evangelhos. José é o homem para quem Maria estava prometida”, afirma.

Mas a imagem do José como santo se constrói pela sua história de vida, conforme explica o especialista. Ainda nos Evangelhos, há outras poucas indicações e todas elas evocam a de um José protetor, corajoso e companheiro, e que cumpre a vontade de Deus.

“Após longa viagem para o recenseamento, de Nazaré a Belém, José estava ao lado de Maria quando Jesus nasce em um estábulo: José, pai e companheiro. Recebe e admira os presentes recebidos pelos reis magos: José, pai e acolhedor. Em sonhos é avisado das intenções de morte do rei Herodes e foge com a família para o Egito: José, pai atento e protetor”, afirma Surian.

Outra grande característica de José é sua obediência a Deus e o seu silêncio, “sua capacidade de superar as dificuldades e de se lançar como instrumento nas mãos de Deus para que Jesus pudesse crescer em graça e sabedoria”.

(Por Lucas Rocha)

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