Leandro Gomes de Barros, o pai da Literatura de Cordel

Poetas Leandro Gomes de Barros

Há alguns meses recebi um presente do poeta Arievaldo Viana, o livro que ele escreveu: Leandro Gomes de Barros, Vida e Obra. Um trabalho de qualidade feito com entusiasmo e dedicação. Me chamaram atenção alguns pontos, os quais quis compartilhar com você.

Antes, devo explicar que fiz uma leitura investigativa do livro por ocasião da concepção do musical Poesia do Sertão. Neste espetáculo, eu, Chico de Assis e Paulo Matricó, celebramos o Repente, a Literatura de Cordel e a Poesia Matuta e seus fazedores. Como ícones de cada um desses gêneros literários, homenageamos in memoriam Domingos Fonseca (repentista), Leandro Gomes de Barros (cordelista) e Patativa do Assaré (poeta matuto).

Vamos a alguns pontos interessantes levantados por Arievaldo Viana em seu livro:

Enorme Quantidade de Poemas e Folhetos Publicados

São atribuídos a Leandro Gomes de Barros mais de 600 títulos de Literatura de Cordel e mais de 1.000 poemas ao total. Dos 600 títulos publicados, ao menos 50 são considerados grandes clássicos da Literatura de Cordel.

Reconhecimento de Luís da Câmara Cascudo

Foi considerado pelo grande pesquisador do século passado como “o mais lido de todos os escritores populares… soletrado com amor e admirado com fanatismo”.

Inspiração para Ariano Suassuna

A famosa obra “O Auto da Compadecida” foi inspirada primordialmente em 3 folhetos de Literatura de Cordel, dos quais 2 são de autoria de Leandro: “O Cavalo que Defecava Dinheiro” e “O Dinheiro – O Testamento do Cachorro”.

Reconhecimento de Carlos Drummond de Andrade

Em crônica publicada a 09/09/1976, no Jornal Brasil, Drummond criticou o título de Príncipe dos Poetas Brasileiros concedido pela revista FON FON ao gigante da poesia Olavo Bilac (que curiosamente nasceu e faleceu nos mesmos anos de Leandro, 1865 e 1918). Para Drummond, deveria ter sido Leandro o ganhador do título. Com certeza, Leandro foi muito mais lido na época. Drummond apresenta algumas inconsistências na crônica e em sua argumentação, aspecto sobre o qual não me estenderei aqui, pois renderia muitas linhas. De todo modo vale o reconhecimento público.

Empreendedorismo

Leandro foi pioneiro no Brasil em escrever, editar/publicar e vender a própria obra. Os primeiros folhetos eram impressos em horas ociosas das tipografias de grandes jornais do Recife. Leandro atuava tanto na venda direta, em linhas de trem, mercados e feiras, quanto mantinha uma grande rede de revendedores nas regiões Norte e Nordeste.

Ele fazia propaganda da própria produção na contracapa dos folhetos, indicando endereço e ofertas. Quando ele faleceu, já estava consolidado o ramo da comercialização de folhetos de literatura popular em versos. Outros editores já atuavam consistentemente, como os Irmãos Chagas, Pedro Baptista e João Martins de Athayde.

Propriedade Intelectual

Arievaldo em seu livro desmascara João Martins de Athayde com relação à autoria de inúmeras obras. Após o falecimento de Leandro, Athayde comprou da viúva a propriedade de suas obras. Começou a publicar essas obras se auto intitulando Editor-proprietário mantido o nome de Leandro. Logo passou a suprimir o nome de Leandro, apenas assinando com seu próprio nome, sem indicar o tipo de relação, se de editor ou autor. Chegou a alterar os acrósticos que Leandro fazia na estrofe inicial de muitos de seus folhetos.

João Martins de Athayde era um homem considerado rico, proprietário de imóveis e negócios. Era também um bom escritor de Literatura de Cordel e admirador confesso de Leandro.

Reconhecimento de Carlos Drummond de Andrade

Em crônica publicada a 09/09/1976, no Jornal Brasil, Drummond criticou o título de Príncipe dos Poetas Brasileiros concedido pela revista FON FON ao gigante da poesia Olavo Bilac (que curiosamente nasceu e faleceu nos mesmos anos de Leandro, 1865 e 1918). Para Drummond, deveria ter sido Leandro o ganhador do título. Com certeza, Leandro foi muito mais lido na época. Drummond apresenta algumas inconsistências na crônica e em sua argumentação, aspecto sobre o qual não me estenderei aqui, pois renderia muitas linhas. De todo modo vale o reconhecimento público.

Empreendedorismo

Leandro foi pioneiro no Brasil em escrever, editar/publicar e vender a própria obra. Os primeiros folhetos eram impressos em horas ociosas das tipografias de grandes jornais do Recife. Leandro atuava tanto na venda direta, em linhas de trem, mercados e feiras, quanto mantinha uma grande rede de revendedores nas regiões Norte e Nordeste.

Ele fazia propaganda da própria produção na contracapa dos folhetos, indicando endereço e ofertas. Quando ele faleceu, já estava consolidado o ramo da comercialização de folhetos de literatura popular em versos. Outros editores já atuavam consistentemente, como os Irmãos Chagas, Pedro Baptista e João Martins de Athayde.

Propriedade Intelectual

Arievaldo em seu livro desmascara João Martins de Athayde com relação à autoria de inúmeras obras. Após o falecimento de Leandro, Athayde comprou da viúva a propriedade de suas obras. Começou a publicar essas obras se auto intitulando Editor-proprietário mantido o nome de Leandro. Logo passou a suprimir o nome de Leandro, apenas assinando com seu próprio nome, sem indicar o tipo de relação, se de editor ou autor. Chegou a alterar os acrósticos que Leandro fazia na estrofe inicial de muitos de seus folhetos.

João Martins de Athayde era um homem considerado rico, proprietário de imóveis e negócios. Era também um bom escritor de Literatura de Cordel e admirador confesso de Leandro. Foi o maior editor do gênero. Não se sabe ao certo qual a motivação da tentativa de apropriação autoral indevida.

Concluindo, convido você a ler o folheto de cordel eletrônico A Origem do Repente, escrito em sextilhas de versos septissílabos.

Fonte: www.versoencantado.com.br

 

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