A Contribuição de Pedro Teixeira, ao folclore alagoano

O maior legado do mestre Pedro Teixeira de Vasconcelos foi a determinação de seu trabalho para preservar o Folclore no seu mais essencial significado, o de ser legítimo e autêntico, representando as verdadeiras manifestações populares.  Assim predeterminou sua atuação como homem folk.

Nascido às bagaceiras do engenho Bom Sucesso (1915), Povoado Chã-Preta, Viçosa-AL, Pedro Teixeira conviveu e absorveu os aboios/cantorias de vaqueiros, agricultores e rezadeiras. Cresceu na convivência com grupos folclóricos remanescentes dos índios, negros e brancos das raízes da região, o que fez assimilar suas autenticidades e surgir sua abnegação em organizar núcleos de folguedos, com seus familiares, que já o faziam.

Como professor,ainda na Chã-Preta, também formou grupos folclóricos estendendo o trabalho ao lecionar em Capela, Palmeira dos Índios e Viçosa. Em 1960 chegou a Maceió com a missão do Governo Estadual de difundir o folclore, espelhando-se em seu parente, Théo Brandão, que considerava o maior folclorista.

A contribuição de Pedro Teixeira pela preservação do folclore tornou-se universal e meritória pela constante participação dos mestres autênticos e legítimos, que ensaiavam e montavam os folguedos a seu pedido. Por isto os grupos por ele formados foram
verdadeiros e autênticos.

Gerações de mestres repassavam folk aos estudantes de Alagoas contribuindo para a permanência legítima do folclore. Também como animador, ensaiador e incentivador Mestre Pedro contribuiu em difundir pelo Brasil e o mundo as representações tradicionais/culturais do povo, abrindo portas.

Arregimentou equipes de parceiros nos órgãos públicos e comunidades que dividiam seus esforços na luta da preservação popular. Com Ranilson França e Zé Maria Tenório Rocha fundaram e manteram a Associação dos Folguedos Populares-AL na defesa/conservação das manifestações folclóricas.

Lutou sempre pelo tradicionalismo, pois “a volta às raízes, é zelar pelas tradições e costumes tragados pela indiferença de estudiosos que se preocupam mais em mostrar teoria, do que exercer a prática. É cuidar para não deixar que morra o folclore” dizia ele ao passar e explicar as características folclóricas, jornadas, autos, entremeios, funções, peças, vestimentas, rituais, minuciosamente, cuidadosamente, perfeitamente.

Apesar de trabalhar para incorporar à juventude o reisado, guerreiro, pastoril, baiana, quilombo,coco… Pedro Teixeira ensinava em escolas e comunidades que o Folclore também era: “toda literatura oral, mitos, superstições, provérbios, lendas, cordel, comidastípicas, torneios, rodas, cantos, artesanato…”. Descobria, incentivava, assimilava e orientava as manifestações folclóricas, estivessem onde estivessem nos recantos do Brasil, fazendo a miscigenação cultural.

Eram ensinamentos de pura essência, preocupado em passar tradição, difundir cultura. Sempre dizia que o Folclore não é estático, mas se tivesse de sofrer modificações do meio social, que fossem efetuadas pelo homem folk e não pelos estudiosos do assunto e que estas mudanças não poderiam afetar a pureza original.  Em 1979, ao se aposentar, mais ainda se dedicou e doou-se ao Folclore, pontificando sua luta até falecer em 2000.

Como escritor editou os livros: Folclore, Dança, Música e Torneio; Andanças pelo Folclore; Gorjeios do Sabiá e Causos de Minha Terra; folhetins: Pastoril e Adivinhações, textos científicos e peças teatrais.

Assim Pedro Teixeira tornou-se nome referencial no Folclore, não só como incentivador e propagador, mas contribuinte de sua manutenção.

Na foto: Klinger, Rossane, Severino Tributino, Pedro Teixeira, Severino Teixeira, Mauro, Benedito, Zé Ari Vasconcelos, Titonho, Severino Leôncio. 14.12.1984

Por Ari Vasconcelos, jornalista

Fonte: www.chapretaascumpet.comunidades.net

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