Silvino Pirauá de Lima

Chamado de “o enciclopédico” pelos seus contemporâneos, Silvino Pirauá de Lima, situa-se entre os primeiros poetas populares da tradição do Cordel nordestino. Nascido em 1848 no município de Patos (PB) na seca de 1898 emigrou para o Recife, onde fixou residência.

Discípulo amado de Francisco Romano Caluete, percorreu com ele vários Estados como o Pará, Amazonas e Maranhão, e recriou o célebre desafio ocorrido em Patos entre seu mestre e Ignácio da Catingueira, que teria durado oito dias!

Francisco das Chagas Batista, em Cantadores e poetas populares, atribui a Silvino Pirauá qualidades raras: a de ser exímio violeiro e grande repentista, igualando-o a antecessores ilustres da Serra do Teixeira, como Agostinho Nunes da Costa e seus filhos Nicandro e Ugolino

Romance em versos

Na bibliografia do cordel, aparece como o introdutor do romance em versos, composição geralmente mais longa que o folheto popular e que reproduz os grandes temas da literatura oral ibérica.

A erudição de Silvino, representada sobretudo nas diversas pelejas, parece ter servido de base à observação de Mário de Andrade de que haveria um certo “pernosticismo deliciosamente irritante nos cantadores de cordel”, ao estudar a maneira sofisticada como os poetas da mesma estirpe deste compunham seus versos, misturando assuntos variados.

Um de seus poemas mais famosos é a História de Crispim e Raimundo, escrito e publicado em 1909, numa empresa tipográfica maranhense, em que Silvino faz uma incursão pelo campo do Direito Penal.

Em seu acervo tem-se, ainda, a História do capitão do navio; História das três moças que queriam casar com um só moço; Zezinho e Mariquinha; A vingança do sultão; Descrições da Paraíba etc., e lhe são atribuídas a criação do “martelo agalopado”, um dos gêneros da cantoria, e outras inovações formais na poesia popular.

Morreu cantando, fazendo jus ao ofício, na cidade de Bezerros (Pernambuco) em 1913, vitimado pela varíola.

Por Ivone Maya

Referências bilbiográficas

▪ ANDRADE, Mário. Juvenal Galeno In:______. Táxi e crônicas no Diário Nacional. São Paulo: Livraria Duas Cidades / Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia, 1976.

▪ BAPTISTA, Francisco Chagas. Cantadores e poetas populares. Paraíba: F.C. Baptista Irmão, 1929.

▪ BATISTA, Sebastião Nunes. Poética popular do Nordeste. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 19

Fonte de pesquisa: http://www.casaruibarbosa.gov.br

 

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