Poeta Pedro Bandeira, considerado mestre da cultura do Ceará, morre aos 82 anos

Ele é autor de centenas de músicas, entre elas a peça “Graça Alcançada”, que veio a ser gravada por mais de 20 intérpretes.

Poeta Pedro Bandeira — Foto: Elizângela Santos

O poeta Pedro Bandeira, mestre da cultura do Ceará, morreu nesta segunda-feira (24.08.2020) aos 82 anos. Ele é autor de centenas de músicas, entre elas a peça “Graça Alcançada”, que veio a ser gravada por mais de 20 intérpretes e é considerada o hino dos romeiros e das romarias em Juazeiro do Norte. A causa da morte não foi divulgada.

O sepultamento aconteceu na terça-feira (25) após uma cerimônia reservada para a família.

O secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba, destacou a importância do poeta para a cultura nordestina, ao mesmo tempo em que agradeceu pela contribuição de suas obras.

“Pedro Bandeira não era só o Príncipe dos Poetas Populares do Nordeste. Ele era um grande arquiteto da literatura popular e da cantoria. Nessa matéria, foi professor e maestro. Seus versos são da grandeza dos grandes poetas clássicos da língua portuguesa. Era um homem culto e extremamente popular. Seus versos lidos, declamados ou cantados estão gravados nos corações do sertão nordestino. Além disso, foi um grande comunicador e difusor da cultura

popular. O Nordeste deve muito a esse senhor na construção de nossa identidade e pertencimento como seres nordestinos. Então, gratidão poeta mestre Pedro Bandeira! Siga seu caminho de luz! Salve sua obra e daqui continuamos na nossa peleja. Viva Pedro Bandeira!”, disse.

A Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult) publicou uma nota de pesar onde também lamenta com tristeza a morte do poeta.

“Com muita tristeza e pesar, o Ceará se despede desse grande artista. No coração, suas canções e também um mundo de gratidão por seu imenso legado e obra, por sua grandeza, por sua imensidão. Com pesar, a Secult Ceará agradece sua existência, festeja sua arte, e deseja luz e paz na sua travessia, escreveu em nota.

Biografia

Pedro Bandeira, também era conhecido como o “Príncipe dos Poetas Populares do Nordeste” — Foto: Secretaria da Cultura do Ceará

 

Nascido em 1º de maio de 1938, no Sítio Riacho da Boa Vista, no município paraibano de São José de Piranhas, sendo filho de Tobias Pereira de Caldas e da poetisa Maria Bandeira de França. Bem jovem foi morar no Cariri cearense, onde fez fama com sua poesia e cantoria que ecoaram nas quermesses, festivais, rádios e televisões em todo o Nordeste. No ano de 2018, ele recebeu o título de Tesouro Vivo da Cultura pela Secult-CE, reconhecido pelo Governo do Ceará.

Cordelista também atuou como repentista, cantador, escritor, radialista e apresentador de TV. Formado em letras, teologia e direito, versa desde os seis anos. Aos 17, tornou-se profissional.

Pedro Bandeira é de uma família de poetas e é lembrado como uma das pessoas que cantou com mais maestria o sertão. Tinha um conhecimento profundo das coisas da terra e da religiosidade popular. A parceria com o cantador Geraldo Amâncio também é um ponto forte. Na área radiofônica, por sua vez, o início deu-se na Rádio Educadora e a “fama” aconteceu com o programa Viola e Violeiros, no Crato. Como escritor, escreveu também muitos folhetos.

Além de renomado expoente de uma geração de cantadores, Pedro Bandeira veio a destacar-se também na Literatura de Cordel, com mais de uma centena de títulos publicados e ilustrados pelos principais xilógrafos cearenses. Escreveu ainda 14 livros, entre eles “Matuto do Pé Rachado” e “O Sertão e a Viola”.

É neto materno do famoso cantador nordestino Manoel Galdino Bandeira, de quem herdou o talento repentista. Recebeu o título de Tesouro Vivo da Cultura do Ceará, concedido pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, em 2018 e a Comenda Patativa do Assaré em 2019.

Fonte: www.g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2020/08/24/poeta-pedro-bandeira

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