“O Guerreiro São Pedro Alagoano”, do mestre Juvenal Domingos, hoje coordenado por Dona Marlene e localizado n0 Conjunto Luiz Pedro, no Tabuleiro, Maceió/AL. O folguedo popular de nome guerreiro apresentou seu período de efervescência entre os anos de 1930 e 1960, em um contexto que corrobora com a ascensão do Movimento Folclórico Brasileiro, marcado pela militância na visibilidade da “cultura popular”. Hoje, ainda que em menor frequência, além do Guerreiro São Pedro, permanecem ativos alguns grupos na capital do Estado, como o “Guerreiro Vencedor Alagoano”, coordenado por Dona Dolores.
Ambos os grupos reúnem em seus ensaios uma diversidade de crianças, adultos e majoritariamente pessoas em idade avançada, que trazem consigo o sentimento de preservação desse patrimônio imaterial e contradizem, a partir de sua própria atividade, os discursos saudosistas relacionados à retórica da perda. Os registros imagéticos, que serviram como forma de interagir e “descobrir” o grupo, surgiram através do mapeamento dos guerreiros ativos em Alagoas, e consequentemente, da minha frequência nos ensaios do Guerreiro São Pedro na condição de fotógrafa e pesquisadora. O projeto contou com o compartilhamento dessas fotografias como forma de compreender as memórias e narrativas acionadas nesse processo.
Nesse sentido, além de apresentar um caráter documental do evento, trago nas imagens desses “brincantes”, integrantes dos dois grupos que se reúnem solidariamente para ensaiar, tudo aquilo que a partir de meu olhar, em diálogo com a Antropologia, poderia configurar como o grupo se organiza e se atualiza cotidianamente.
A grande vitória que o Guerreiro São Pedro Alagoano conseguiu graças uma parceria da mestra Marlene com o Guerreiro Mensageiro Padre Cicero, do saudoso mestre Manoel Venâncio, hoje comando pelo mestre André. Com essa união conseguiram se apresentar em Juazeiro do Norte, com apoio do Sesc – Juazeiro, durante a festa de Nossa Senhora das Dores, padroeira da cidade. A história nos ensina que sem sacrificio nada funciona e os mestres com sua garra e competência ajudam manter o Guerreiro Alagoano como a referência cultural de Alagoas.
Fonte de pesquisa: Asfopal – Maceió e Tainá Almeida de Paula – Universidade Federal de Alagoas
Sobre o autor
Marcos Lima
Produz e divulga a sabedoria popular do povo alagoano e nordestino.