Diz a letra de um xaxado que saúda o famoso cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião. Considerado herói por uns, sanguinário por outros, Lampião ficou conhecido como o Rei do Cangaço. Seu legado vai além da lembrança de seus feitos pelo sertão, abrange também a criação de roupas e acessórios, danças, objetos, fotos, histórias de cordéis, cantigas e muito mais.
Para resgatar a cultura do cangaço e manter viva a história do famoso cangaceiro, o ponto de cultura Fundação Cultural Cabras de Lampião realiza uma série de atividades. Elas vão de mostras de dança e de música a peças de teatro; passando por um museu (no sítio onde nasceu Lampião), três grupos de dança e outras atividades que mobiliza, não só a cidade de Serra Talhada, mas todo o Nordeste.
O Xaxado Cabras de Lampião é um grupo musical e de dança, que divulga o ritmo no país e no exterior. A dança criada pelo bando de Lampião, nos intervalos dos combates, recebeu esse nome a partir do som produzido pela batida das alpercatas no chão.
Ao som da sanfona, do triângulo e da zabumba com um repertório do cangaço, usando uma indumentária semelhante a dos cangaceiros, a saga de Lampião é mostrada em forma de dança. O xaxado é dançado em uma fila indiana, com um cangaceiro sapateando atrás do outro. O ritmo também é marcado pela batida da argola do rifle. O Grupo de Xaxado Cabras de Lampião se apresenta em quadras, clubes, praças, palcos, tablados, teatros, etc.
O ponto de cultura mantém dois outros filhotes: os “Herdeiros do Xaxado”, com 30 crianças carentes, e o “Gilvan Santos”, com 20 adolescentes de baixa renda. Esses dois grupos recebem os visitantes que frequentam o museu dedicado a Virgulino.
Criado no sítio “Passagem das Pedras”, onde o herói nasceu, o Museu do Cangaço de Serra Talhada é o maior acervo dedicado ao tema. Com 300 fotos, objetos dos cangaceiros, uma biblioteca com publicações dedicadas ao assunto, uma videoteca temática e acervo de cordéis (com alguns exemplares raros, como “Pavão Misterioso”, “O Cachorro dos Mortos” e “A Chegada de Lampião no Inferno”). Todo o acervo é disponibilizado para pesquisadores e estudantes de todo o Brasil. O museu funciona de domingo a domingo com grande demanda.
Na primeira semana de junho, o ponto de cultura promove o Encontro Nordestino de Xaxado. Com mais de 400 artistas, o evento é uma grande manifestação de confraternização, sem caráter competitivo. Atraindo um público de 4 mil pessoas de todo o Nordeste, o evento mobiliza a cidade toda: hotéis, restaurantes e o comércio.
A “Morte de Lampião – Massacre de Angico” é uma peça de teatro realizada ao ar livre, na Estação do Forró, em Serra Talhada. Ela conta a história de Virgulino com 80 atores e figurantes. Realizada no dia da morte de Lampião, a peça recebe um público de 10 mil pessoas, em todas as cinco noites de apresentação, e já está em sua terceira edição.
O ponto de cultura também mantém a Escola de Danças Populares Cabras de Lampião (dedicada ao xaxado, ciranda, pastoril, maracatu e outras expressões pernambucanas); coordena o Programa de Passeio e Turismo Ecológico “Nas Pegadas de Lampião”, e possui trabalhos voltados para a cultura popular sertaneja reconhecido no Brasil e no exterior.
A Fundação Cultural Cabras de Lampião foi contemplada com vários prêmios, entre eles o Klauss Vianna de Estímulo a Dança – com o projeto “Xaxado, meu bem, Xaxado: O Centenário de Luiz Gonzaga” (Funarte / Ministério da Cultura – 2012).
TEXTO: AsCom/MinC
Fonte: www.culturadigital.br
Sobre o autor
Marcos Lima
Produz e divulga a sabedoria popular do povo alagoano e nordestino.