Catulo da Paixão Cearense

Nasceu Catulo da Paixão Cearense em 8 de outubro de 1863,  em São Luiz ,Estado do Maranhão, à rua Grande, (hoje Oswaldo Cruz)  nº  66.
Filho de Amâncio José Paixão Cearense (natural do Ceará) e Maria Celestina Braga ( natural do Maranhão).
Sua infância até os 10 anos se passou em São Luiz do Maranhão.
Transferiu-se para o sertão agreste cearense onde seus avós maternos portugueses eram fazendeiros, permanecendo por lá até os 17 anos.
Em 1880 em companhia de seus pais e irmãos (Gil e Gerson) mudou-se para o Rio de Janeiro, na rua São Clemente nº  37, Botafogo.
Aos 19 anos interrompeu os estudos e abraçou o violão, instrumento naquela época, repelido dos lares mais modestos.Iniciante tocador de flauta, a trocou  pelo violão, pois assim,  podia cantar suas modinhas.
Nesse tempo passou a escrever e cantar as modinhas como, “Talento e Formosura”, “Canção do Africano”  e “Invocação a uma estrela”.
Moralizou o violão levando-o aos salões mais nobres da capital.
Em 1908, deu uma audição no Conservatório de Música.
Catulo foi autodidata autentico. Suas primeiras letras foram ensinadas por sua genitora e toda sua grande cultura foi adquirida em livros que comprava e por sua franquia à Biblioteca do Senador do Império, por ser professor dos filhos do Conselheiro Gaspar da Silveira .
“Aprendi musica, como aprendi a fazer versos, naturalmente”, dizia o Velho Marruêro.
Seu pai faleceu em 1 de agosto de 1885, desgostoso por seu filho ter abandonado os estudos para ser poeta, sem tempo de assistir a moralização do violão, o que veio a marcar tremendamente Catulo.
À medida que envelhecia mais se aprimorava. Catulo homem, não se modificava, sempre fiel ao seu estilo. “…Com  gramática ou sem gramática,  sou um grande Poeta..”.
A sua casinhola em Engenho de Dentro, afundada no meio do mato era histórica. Alí recebia seus admiradores, escritores estrangeiros, acadêmicos nacionais, sempre com banquetes de feijoada e o champagne nunca substituía o paratí, por mais ilustre que fosse o visitante.
As paredes divisórias eram lençóis e sempre que previa a presença de pessoas importantes, dizia para a mulata transformada em dona de casa. “Cabocla , lave as paredes amanhã , que Domingo vem gente!”
Sua primeira modinha famosa  “Ao Luar” foi composta em 1880.
Em algumas composições teve a colaboração de alguns parceiros: Anacleto Medeiros, Ernesto Nazareth, Chiquinha da Silva, Francisco Braga e outros.
Como interprete, o maior tenor do Brasil, Vicente Celestino.
Catulo morreu aos 83 anos de idade, em 10 de maio de 1946,a rua Francisca Meyer nº 78, casa 2. Seu corpo foi embalsamado e exposto a visitação  pública até 13 de maio, quando desceu a sepultura no cemitério São Francisco de Paula , no Largo do Catumbí,  ao som de “Luar do Sertão”.

Catulo deixou inúmeras obras, tais como;

Canções musicadas
– Luar do Sertão
– Choros ao Violão
– Trovas e Canções
– Cancioneiro Popular
– A Canção do Africano
– O Vagabundo
– Etc…

Livros de Poemas:
– Meu Sertão
– Sertão em Flor
– Poemas Bravios
– Mata Iluminada
– Poemas Escolhidos
– O Milagre de São João
– Etc….

Obras teatrais;
– O Marroeiro
– Flor da Santidade
– E o clássico  “Um Boêmio no Céu “.

Comentaram pró Catulo personalidades como:
Julio Dantas, Ruy Barbosa, Machado de Assis,  Clóvis Beviláqua, Francisco Braga, Humberto de Campos, Monteiro Lobato, Ignácio Raposo, Heitor Vila Lobos, Assis Chateaubriand, Bastos Tigre, Amoroso Lima, João Barros, Roquete Pinto, Pedro Lessa, Mário José de Andrade e outros
(Referências de Guimarães Martins)

Silsonmar da Rocha Costa

<silsonmar@uol.com.br>

Poesia

  1. Azulão e dos 2 tico-ticos

  2. O Marruero

  3. 1º Ato

  4. Luar do Sertão

  5. A Flor do maracujá

  6. Sertão em flor

  7. Um boêmio no céu

  8. Chico beleza

  9. O milagre de São João

SERTÃO EM FLOR – (um pequeno trecho)

Vassuncês diga o que é
Um coração  de home véio
Que quanto mais véio fica,
Mais aprecia uma muié!

Vassuncês ri? Falo sério.

O coração do home véio
é um burro véio trotando,
dáqui e dali trupicando
na derradeira viage,
que faz lá prô cimitério,
comendo pelos caminhos
um resto seco de espinho
que vae topando no chão ,
bebendo uns pingo de orváio
dos óios – as duas cacimbas
da fonte do coração! ….

Em riba dúma cangáia
duas muié carregando
cum  o peso  todo da idade:
uma, já morta: a Esperança,
outra, inda viva: a Saudade,…

Até cair cum a Esperança
e o cadáver da Saudade
e  os frutos podre dos anos
que ele leva no jacá,
prá  arrecebê,  afiná,
o beijo de amô da boca
da namorada dos véios,
que toda mágua alivia,
que toda a pena consola!…
A Morte, patrão, a Morte!
essa cabloca fié!
Muda… Surda…Cega e fria,
que depois de uma  viola,
é a mais mió das muié.

Fonte de pesquisa: www.jornaldepoesia.jor.br

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