Intérprete fiel, dos costumes, das histórias e do heroísmo do povo nordestino.
Luís Câmara Cascudo, que tem dedicado a maior parte de sua vida ao folclore, assim define cantador: – “Representantes legítimos de todos os bardos menestréis”.
Gustavo Barroso, falando sobre a poesia popular, afirma ” a poesia é sempre obra de indivíduos cultos ou semicultos, que desce ao povo, se batiza nas águas lustrais de seu oralismo e se espalha pelo mundo como um pólen fecundante”.
Manoel Bandeira, nome respeitabilíssimo de nossas letras, confessa-se humilde, diante do cantador, conforme registro que fez em seu livro estrela da Tarde: ” … que poeta é quem inventa em boa improvisação, como faz Dimas Batista e Otacilio, seu irmão, como faz qualquer violeiro, bom cantador do sertão”.
Guilherme Neto conceitua os cantadores, ou violeiros repentistas, são cantores populares, os geniais poetas e versejadores do sertão. Andam sempre em duplas, com a viola dentro de um saco, muitas vezes a pé, ruminando o debate, preparando perguntas, arrumando as ídéias, dando asas a imaginação.
“cantador ou simplesmente repentista – poeta popular da região nordestina, que ao som da viola, duplado, decantam seus versos, encantando os rincões brasileiros”.
Na concepção de Leonardo Mota (Dr. Leota), anos a fio empreendeu várias excursões pelo “interland cearense “, vendo de perto, anotando e escrevendo as mais belas sugestivas páginas do folclore brasileiro, como sendo a figura do cantador violeiro, o representante legítimo do povo nordestino – são os poetas populares que perambulam pelos sertões, cantando versos* próprios e alheios; mormente os que não desdenham ou temem o “desafio*”, peleja* intelectual em que, perante o auditório, ordinariamente numeroso, são postos em evidência os dotes de improvisação de dois ou mais vates matutos.
Segundo Luis Wílson, o cantador é como o rapsodo canta acima do tom em que o instrumento é afinado e abusa dos agudos. É uma voz hirta, dura, sem sensibilidade, sem floreios, sem doçura. Canta quase gritando, as veias entumecidas pelo esforço, a face congesta, os olhos fixos para não perder o compasso, não musical, que para eles é quase sem valor, mas a cadência, o ritmo, que é tudo.
No entendimento de Pedro Ribeiro, no livro intitulado: “Nos Caminhos do Repente”, de sua autoria, equivale dizer cantador ou violeiro, para definir como sendo o representante máximo do repente. Com invulgar poder criativo, os menestréis do passado ampliaram consideravelmente o acervo do repente com a criação de novos estilos.
Na visão de Orlando Tejo, no livro: “Zé Limeira, poeta do absurdo”, sintetiza o que vem a ser cantador: Os cantadores constituem imensa legião de homens que amam, sonham, sofrem e brincam de viver no mundo, pescando estrelas, caçando ilusões, plantando tardes, colhendo auroras, levando a sua imagem sutil e profunda, tímida e vigorosa ao povo ávido de poesia que os ouve embevecido.
REPENTISTA E CANTORIA DE VIOLA
Diferentemente dos Poetas Trovadores que criam suas Trovas como Obra de Arte, como Literatura, que são divulgadas em livros, existem o Poetas Repentistas que fazem versos de improvisos. No Rio Grande do Sul os Repentistas Gaúchos são chamado também de Trovadores embora façam versos diferente dos Trovadores Literários, ou seja, em sextilhas (6 versos, ou seja, 6 linhas) ou septilhas (7 linhas), tocando sanfonas ou concertinas. Representando os Repentistas Gaúchos, reside na Serra, o Poeta “Xiru do Sul.”
Já no Nordeste do Brasil vivem os Repentistas, Cantadores de Viola, poetas que improvisam os versos com suas violas.
No Sudeste, os Repentistas são destaques na Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro e, às vezes, na Praça da Sé, em São Paulo.
O Escritor e pesquisador, Guilherme Neto conceitua os cantadores, ou violeiros Repentistas, como cantores populares, poetas e versejadores do sertão, “que andam sempre em duplas, com a viola dentro de um saco, muitas vezes a pé, ruminando o debate, preparando perguntas, arrumando as idéias, dando asas a imaginação.”
O poeta Repentista, Pedro Maciel da Silva, o Ceará, nasceu na cidade de Caucaia, localizada a cerca de 40 quilômetros de Fortaleza no Ceará, no dia 20 de março de 1946. Trabalhava na firma Procalco, de Fortaleza, que venceu concorrência para a construção de Casas Populares no Estado do Espírito Santo. Veio para o Espírito Santo em 1971 ajudando a pintar as casas do bairro Eurico Salles e depois André Carloni. Gosta da Serra e em 1980 muda-se com a família, morando inicialmente em Carapina e depois Chácara Parreiral e atualmente no bairro São Diogo.
Pedro Maciel da Silva, o Ceará, nos anos de 1999, 2000 e 2001 era o único Poeta Repentista Cantador de Viola da Grande Vitória, no Espírito Santo. Sócio do Clube dos Trovadores Capixabas já se apresentou na Assembléia Legislativa Estadual e em várias solenidades, bem como para Políticos em época de eleições, destacando-se pela sua excelente capacidade de improvisar os versos. Em 6 de fevereiro de 2001, o Repentista “Ceará” inaugura a sua página na Internet, a Rede Mundial de Computadores
Além dos Repentistas que cantam seus versos com um tipo de violão especial, a Viola, existem os Poetas Cordelistas que fazem versos da chamada Literatura de Cordel, em livros pequenos, sem tocar nenhum instrumento e sem cantar, como Kátia Maria Bóbbio Lima, da Cidade de Conceição da Barra, Norte do Estado e Moacir Malacarne, de Cariacica. Na Serra o destaque é o poeta Juacy Lino Feu, residente na avenida Alfeu Ribeiro, ao lado da Igreja Batista, em Carapina.
Os versos de Cordel são de sete sílabas poética com rima e em várias estrofes, ou seja, conjunto de versos (linhas), relatam um fato, uma história, uma lenda. Clério José Borges escreveu, em 1983, em livro de Cordel, “O Vampiro Lobisomem de Jacaraípe”.
O Poeta Teodorico Boa Morte, Acadêmico da ALEAS, lançou um livro de Literatura de Cordel sobre a Insurreição do Queimado. O nome Cordel vem de barbante. É que no Nordeste, os autores para venderem seus livrinhos os penduravam em barbantes nas praças.
Pesquisa: www.nasombradojuazeiro.com.br
Sobre o autor
Marcos Lima
Produz e divulga a sabedoria popular do povo alagoano e nordestino.