A linguagem dos sinais

– O que é a linguagem dos sinais? – Todo homem tem uma maneira pessoal de comunicar-se com Deus e com sua própria alma. – Então, o homem não precisa da religião? – As religiões são muito importantes, porque nos permitem adorar de forma coletiva, e compartilhar dos mesmos mistérios. Mas a busca espiritual é responsabilidade de cada um: se você afastar-se do seu caminho, nada vai adiantar ficar culpando o padre, o imã, o rabino, o pastor – a responsabilidade é sua. Por isso existe um alfabeto que sua alma entende, e que vai mostrando as melhores decisões em seu caminho.

– Como aprender esta linguagem? – Como qualquer outra. Primeiro, com disciplina para educar-se a notar o sinal. Depois, com coragem para praticar a língua. Terceiro, nunca ter medo de errar enquanto pratica. – O que faz com que a gente muitas vezes siga o sinal errado. – Claro. Só assim aprendemos os sinais certos. – Você podia me dar um exemplo de um sinal? – Não. A linguagem é individual, como disse antes. Se começamos a generalizar os sinais, eles se transformam em superstição. ´Muitos mestres já cometeram o erro de usar os seus sinais para guiar seus discípulos. O que acontece é que, quando as pessoas começam sua busca espiritual, entram num mar desconhecido, e sentem-se inseguras.

Então procuram agarrar-se à primeira mão que lhes é estendida – e ao fazer isso, estão deixando de lado a aventura, para tornarem-se escravas da mão que as guia.` – Como posso ter certeza que estou diante de um sinal verdadeiro? – Você nunca pode. Mas, em geral, se começar a enxergar este mundo além das convenções, verá que sua intuição começa a conduzi-lo em direção à melhor escolha – por mais absurda que pareça. Aos poucos, esta linguagem se incorpora a você e, embora continue errando de vez em quando, já está em paz com sua alma, e toma as decisões corretas.

Muitas vezes o sinal é mais prático do que imaginamos, e a propósito disso, vou lhe contar uma história. Um homem sonhou, certa vez, com um anjo, que lhe dizia: ´amanhã vai começar a chover, sua aldeia será inundada, mas você será salvo.` Efetivamente, no dia seguinte começou a chover. Uma equipe de socorro visitou casa por casa, evacuando os habitantes, já que havia risco de inundação. Todos saíram, menos aquele homem, que dizia à defesa civil: ´Eu sonhei com um anjo, e ele disse que seria salvo.` Um dia depois, a água já cobria o primeiro andar das casas. Uma segunda equipe de socorro foi tentar resgatar o homem, que de novo se recusou a sair, alegando que tinha recebido o sinal de um anjo, e precisava mostrar sua fé ao mundo. No terceiro dia, a situação já era crítica, e o homem estava sozinho, encarrapitado no telhado da casa – enquanto a água subia sem parar. Num esforço desesperado, uma equipe de resgate tentou mais uma vez retirá-lo dali, mas de novo ele se negou, chamando-os de demônios, gritando que queriam obrigá-lo a negar o sinal do anjo.

Pouco tempo depois, a água cobriu o telhado, e o homem morreu afogado. Como era um ótimo cristão, foi para o Céu, e encontrou São Pedro, que o convidou

para entrar. O homem recusou-se, dizendo que Deus o havia enganado; tinha enviado um anjo dizendo que ele seria salvo, quando na verdade fora o único habitante da aldeia que havia morrido.

São Pedro disse que Deus não mentia, e prometeu voltar com explicações. Entrou no Paraíso e retornou meia hora depois, dizendo: ´Realmente Deus mandou um anjo para avisar-lhe que seria salvo. Mas disse que o senhor recusou, por três vezes, o socorro que Ele lhe enviou sob a forma de equipes de resgate!

Fonte: www.academia.org.br

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